França poderá ajudar Filipinas na transição nuclear e renovável

França poderá ajudar Filipinas na transição nuclear e renovável

Na medida em que as Filipinas passam a intensificar a transição energética, a França disse que pode “fornecer” sua experiência ao país asiático em energia nuclear e em fontes renováveis.

Em entrevista coletiva na última terça-feira, dia 26, a embaixadora francesa nas Filipinas, Michèle Boccoz, disse que está conversando com o governo sobre o tema. Apesar de as discussões ainda estarem em “estágio inicial”, Paris está pronta para ajudar Manila com sua “competência inovadora”.

Para tanto, a diplomata ressaltou que as Filipinas precisarão primeiro reforçar sua estrutura de energia nuclear, analisando questões ambientais regulatórias e identificando o tipo de treinamento que seu pessoal precisará para manter e operar usinas nucleares.

“Desenvolver esse projeto não vai acontecer neste ou no próximo ano. Levará tempo e talvez os filipinos tenham mais detalhes sobre o processo”, disse Michèle Boccoz.

+ Maior parte da matriz elétrica francesa é nuclear (70%), enquanto 27% é proveniente da hidroeletricidade e, 3%, do gás.

Em seu primeiro discurso sobre o Estado da Nação, o presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., ressaltou que o país precisa reconsiderar a construção de usinas nucleares para lidar com a crise de energia.

Mais da metade da matriz filipina é emissora de gases de efeito estufa, com a queima intensiva de carvão. O país agora está se esforçando para procurar fontes alternativas de energia, pois o seu principal campo de gás – Malampaya – deve se esgotar até 2027.

“Claro que adotaremos os regulamentos da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para usinas nucleares, pois foram aperfeiçoados após o acidente de Fukushima-Daiichi”, discursou o presidente. E completou: “Na área de energia nuclear, foram desenvolvidas novas tecnologias que permitem unidades com pequenos reatores modulares [SMRs, na sigla em inglês]”.

E a usina nuclear de Bataan?

Essa central nuclear, com potência instalada de 621 megawatts (MW), foi construída em 1986 dentro do contexto da crise do petróleo e visando atender às crescentes demandas de energia do país do sudeste asiático.

A construção dessa usina nucleoelétrica – a única das Filipinas – demandou muitos recursos financeiros, mas nunca foi comissionada devido a preocupações de segurança.

A embaixadora francesa Michèle Boccoz argumentou que o projeto abandonado é “um legado do passado”, considerando as novas tecnologias desenvolvidas há mais de três décadas. “Provavelmente precisa de muitos ajustes para estar operacional”, opinou.

“Eu não acho que as Filipinas precisam mais desse projeto abandonado, então investir em tecnologia modular é algo provavelmente muito mais realista”, explicou, acrescentando que reatores nucleares menores seriam mais adequados em virtude da geografia do país.

Enquanto isso, empresas francesas também estão ansiosas para analisar o setor filipino de energias renováveis, pois existe um potencial de investimento no programa de transição energética. O conselheiro econômico Olivier Ginepro informou, inclusive, que algumas companhias do país europeu estão começando a testar tecnologias em partes das Filipinas.

O Governo da França disse que está pronto para trabalhar com as autoridades filipinas por meio de treinamentos educacionais ou assistência técnica. “Já tivemos algumas discussões nesse sentido”, finalizou Olivier Ginepro.

Leia o artigo original, em inglês, aqui.

+ Filipinas relançam programa de energia nuclear

Autora: Kaycee Valmonte
Foto: Funcionário verificando interruptores dentro da sala de controle da nunca ligada usina nuclear de Bataan, localizada no Município de Morong / Crédito: AFP/Ted Aljibe

Fonte: Philstar