Fazendo jus ao nome de ser a Conferência Internacional Nuclear do Atlântico, a XI International Nuclear Atlantic Conference – INAC 2024, promovida pela Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN) de 6 a 10 de maio, na Escola de Guerra Naval (EGN) e na Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), no Rio de Janeiro, reuniu proeminentes especialistas e autoridades estrangeiras entre os palestrantes, apresentadores de trabalhos e patrocinadores.
A participação de palestrantes internacionais foi sendo construída nos 22 anos de INACs. Alguns especialistas são convidados pelos coordenadores dentro da programação, mas há também a participação voluntária de inscritos internacionais.
Por sua vez, ficou no passado a ideia das empresas da área nuclear terem apenas representantes no Brasil ou na América Latina. Essas empresas atualmente possuem um corpo de especialistas da área nuclear que se deslocam para apresentações ou até discussões específicas e exposições que ocorrem em grandes congressos como já é reconhecida a INAC fora do Brasil.
A XI INAC 2024 contou entre as instituições internacionais com a participação do INL – Laboratório Nacional de Idaho, um dos grandes laboratórios nacionais dos EUA, que se destaca por se orientar entre outras atividades a pesquisas e testes de reatores avançados.
O Cientista Chefe do Complexo de Materiais e Combustíveis do INL, Abdul R. Dulloo, ministrou uma palestra sobre o panorama de reatores nucleares avançados nos Estados Unidos e os desafios de custo e cronograma para sistemas inovadores. Em sua visão, é preciso considerar a capacidade instalada necessária para atender necessidades específicas (micro, pequenos ou grandes reatores nucleares) e a construção em escala será utilizada para reduzir custos de capital. Salientou que os tamanhos dos reatores se alinham às necessidades de cada aplicação, citando a produção de calor industrial, dessalinização e as gerações de eletricidade e hidrogênio.
O pesquisador do Laboratório Nacional de Idaho participou também da mesa redonda “SMR – projetos em andamento, oportunidades e desafios para um futuro próximo”, coordenada por Daniel Palma, da Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear (DRS/Cnen). Dessa mesa participaram representantes da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Tecnatom/Westinghouse, China National Nuclear Corporation (CNNC) e Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
O Dr. Dulloo discorreu sobre a variedade de projetos de SMRs existentes nos EUA e enfatizou que aquele país precisa intensificar as parcerias público-privadas e demonstrações, aperfeiçoar o processo de licenciamento, melhorar a cadeia de suprimentos e valor e estabelecer políticas para permitir condições de concorrência equitativas.
A fabricação de combustível nuclear foi abordada por outro especialista do INL/EUA, o engenheiro metalúrgico Adrian R. Wagner. Em sua apresentação, ele abordou os tipos de combustível de alta densidade de urânio, oportunidades para fabricação avançada e técnicas envolvendo altas energias e processamento de luz digital.
Professor da Universidade do Texas (EUA), Sheldon Landsberger já é conhecido da INAC por suas excelentes palestras. Ele abordou com muita competência a “Ocorrência de materiais radioativos naturais na exploração de petróleo”. A radioatividade no setor de exploração de petróleo e gás e os materiais radioativos de ocorrência natural (Norm, na sigla em inglês) são conhecidos por todos, entretanto continuamente se ignora os efeitos dessas radiações, seja a nível dos trabalhadores, seja por contaminação do maquinário e acúmulo de lamas.
O professor Sheldon enfatizou que a química e a radioquímica de espécies radioativas em produtos residuais de petróleo são muito complexas, diferentemente de quaisquer outras matrizes ambientais, e que as suposições típicas sobre o equilíbrio radioativo não são válidas, sendo necessárias metodologias analíticas confiáveis para determinar os níveis de atividade para seu descarte e da proteção radiológica e ambiental.
Outra palestra do professor Sheldon que despertou grande interesse pela clareza foi sobre “Isótopos de aplicações médicas e industriais”, proferida no dia 8 de maio. Nela, o especialista abordou os métodos de produção de radioisótopos (cíclotrons e reatores nucleares), isótopos com aplicações médicas, P&D e separação isotópica.
Uma outra entidade que sempre está presente com ótimas contribuições é a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). O fato se deve aos vários acordos entre o Brasil e a entidade nas áreas de Cooperação Técnica (Medicina, Agricultura, Indústria e Meio ambiente), Proteção Radiológica, Segurança Nuclear, Salvaguardas e outras.
Assim tivemos a participação por vídeo na sessão de abertura do Dr. Rafael Grossi, diretor-geral da AIEA e não por acaso grande amigo do Brasil. Grossi ressaltou o papel das novas gerações e das mulheres na área nuclear, bem como defendeu o sucesso da cooperação com nosso País.
Também teve sucesso de público a palestra do Danas Ridikas, da AIEA, que discorreu sobre as atividades da Agência em suporte às pesquisas com fontes de nêutrons referindo-se tanto aos mais novos reatores de pesquisa como aos aceleradores.
Palestras de pesquisadores da Rosatom, Tecnatom/Westinghouse e CNNC, que informaram os panoramas dos principais projetos e atividades conduzidas por essas entidades, despertaram grande interesse de público.
A XI INAC 2024 cumpriu seu papel como fórum de troca de conhecimento, experiências e informações, bem como um espaço de networking para toda a comunidade nuclear global.
Site oficial da XI INAC 2024: www.inac2024.com.br.
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Fotos: Claudio Braz/Cnen