O site Petronotícias informou que a geração nuclear teve um crescimento de 100 terawatts-hora (TWh) no ano passado em comparação com 2020, atingindo, dessa maneira, o volume de 2.653 TWh. A marca de 2021 é bem expressiva, tendo em vista que é a terceira maior já registrada no ranking geral de produção de nucleoeletricidade no planeta, ficando atrás apenas dos anos de 2019 (2.657 TWh) e 2006 (2.660 TWh).
Esses dados, ainda de acordo com o Petronotícias, compõem o documento World Nuclear Performance Report 2022, elaborado pela Associação Nuclear Mundial (World Nuclear Association – WNA) e disponível em nosso site. A publicação mostra que a fonte nucleoelétrica indica uma tendência de crescimento desde 2012.
Esse bom momento da geração nuclear poderia ser ainda melhor, segundo a diretora da WNA, Sama Bilbao y León. Em sua visão, o número de usinas em construção ainda está abaixo do ideal e o prazo de vida útil das unidades já em operação deveria ser ampliado, uma vez que elas fornecem energia limpa, firma, segura, disponível e de base.
Em 2021, a geração de energia nuclear cresceu na África, Ásia, Europa Oriental, Rússia e América do Sul, a exemplo do ocorrido nos anos anteriores. A nucleoeletricidade também foi expandida na Europa Ocidental e Central, mas, nessas regiões, a tendência dos últimos anos é descendente. Por sua vez, a América do Norte apresentou geração decrescente pelo segundo ano seguido, uma vez que o país com a maior frota de usinas nucleares do mundo, os EUA, fechou alguns reatores.
A diretora da WNA destacou que a recuperação econômica após os impactados ocasionados pela COVID-19 acarretou em maior demanda de energia e, além disso, alguns países reforçaram o compromisso na redução da emissão de gases de efeito estufa à luz da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de 2021, a COP26, ocorrida em Glasgow, na Escócia, em novembro passado. Como o crescimento de fontes limpas, como a nuclear, não superou o aumento da demanda de energia, o mundo ficou ainda mais dependente dos poluentes combustíveis fósseis.
“A guerra na Ucrânia deixou bem clara a fragilidade da cadeia de fornecimento de combustíveis fósseis, ressaltando preocupações que já foram expostas como consequência da pandemia. Em muitas regiões, os preços da energia estão subindo, alimentando a inflação e piorando a pobreza energética. Com medo de perder o acesso às importações de gás e enfrentar apagões e escassez de energia, os governos estão pedindo o reinício das usinas a carvão”, lamentou. E completou: “Portanto, é bem-vindo que muitos governos estejam percebendo agora que a energia nuclear pode ser o impulso para emissões líquidas zero [net zero] e a base de um sistema de energia mais seguro”, acrescentou.
De acordo com Sama Bilbao y León, o maior problema é que mais usinas nucleares estão sendo desligadas em comparação com novas plantas conectadas às redes elétricas. Para se ter ideia, em 2021 seis usinas foram ligadas à rede, mas dez unidades foram permanentemente desativadas.
“Os reatores que estão operando com sucesso hoje precisam operar por mais tempo. Muitos dos fechamentos de reatores nos últimos anos foram motivados por razões políticas ou por mercados disfuncionais. A operação de longo prazo de reatores nucleares é a forma de menor custo de geração adicional de baixo carbono e ajuda a reduzir a dependência sobre combustíveis fósseis”, avaliou a diretora da WNA.
Ela também defendeu a aceleração do ritmo de construção de novas centrais nucleares. “No ano passado, o primeiro concreto foi derramado para dez reatores. Embora isso seja melhor do que nos últimos anos, ainda precisamos ver vinte, trinta ou mais novas unidades começarem por ano em breve, para garantir que a energia nuclear desempenhe o papel que deveria na entrega de um futuro net zero seguro e sustentável”, projetou.
O número total de unidades em construção no fim de 2021 era de 53, quatro a mais do que no fim de 2020. Quem em 2022 seja ainda melhor!
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Foto destaque: Usina nuclear alimentando centro urbano e área rural / Pixabay
Fonte: Petronotícias