Por Lamartine Guimarães
Um artigo do New York Times de 20 de janeiro de 1982, Seção A, página 3 (https://www.nytimes.com/1982/01/20/world/antitank-rockets-are-fired-at-french-nuclear-reactor.html) conta a história de 5 mísseis antitanques fabricados em 1960 na antiga União Soviética que foram disparados na Usina “Creys-Malville”, também conhecida como “Superphoenix”. Os autores do disparo eram membros de um grupo ambientalista que estavam insatisfeitos com a mudança de opinião do Governo Francês da época sobre a continuação do investimento na área nuclear, eles pagaram US$ 500,00 por míssil. Este reator nuclear foi o primeiro reator rápido Industrial Francês. Capaz de gerar 1242 MWe. A notícia informa que o prédio de concreto externo do reator sofreu apenas danos pequenos. Um dos impactos causou um pequeno buraco nesse prédio. Na época o reator estava ainda em construção e não havia material radioativo dentro do vaso de contenção. No entanto, próximo do local de impacto havia uma grande quantidade de sódio estocada, o qual seria utilizado para refrigeração do reator. Tivesse este depósito sido atingido haveria um fogo intenso que daria muito trabalho para ser apagado. No entanto, este fato histórico e infeliz atesta a segurança e robustez do prédio de concreto que envolve os reatores modernos da geração 3,5 do tipo do VVER presentes na Ucrânia. Projetos análogos existem em outros lugares, tais como: AP1000 da Westinghouse e o EPR da EDF. Em particular, o EDF possui uma contenção de concreto de 1,3 metros de espessura, o qual foi desenhado para resistir variações de pressão internas de 6 vezes a pressão atmosférica. No caso do impacto de uma granada antitanque vindo de uma fonte externa a geometria do vaso (cilíndrica) o faz bastante robusto. É de se supor que todos os tipos de reatores da geração 3,5 (VVER, AP100, EPR, entre tantos) tenham a mesma característica por questões de competição de mercado.
Lamartine Guimarães – conselheiro fiscal da ABEN, pesquisador colaborador do Instituto de Estudos Avançados (IEAv) e professor de pós-graduação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
