A produção de hidrogênio limpo via fonte nuclear, por meio de eletrólise, foi tratada no 1º Seminário sobre Múltiplas Aplicações da Energia Nuclear e das Radiações, ocorrido na última quinta, dia 15, nas modalidades presencial (Rio de Janeiro) e virtual, pelo chefe da Assessoria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Expansão da Geração na Eletronuclear, Marcelo Gomes da Silva.
De acordo com o engenheiro, as vantagens da fonte nuclear para geração de H2 são: zero emissão e impacto ambiental, energia firme e com alto fator de capacidade (93%), proximidade dos centros de consumo de energia, uso de terra reduzido, independência do clima e alta eficiência de conversão de eletricidade.
Ainda segundo ele, o Departamento de Energia dos EUA (DOE, na sigla em inglês) estima que um único reator nuclear com potência instalada de mil megawatts (MW) poderia produzir até 150 mil toneladas de hidrogênio/ano (equivalente a 416 toneladas/dia). “O Hub de Pecém (o maior do Brasil até o momento), por exemplo, está sendo planejado para gerar 960 toneladas/dia, a partir de fontes renováveis”, declarou. E completou: “As usinas nucleares do Brasil há 25 anos têm gerado hipoclorito de sódio, através da eletrólise da água do mar para usar no seu sistema de refrigeração. Como subproduto, é produzido hidrogênio limpo com 96% de pureza, e liberado na atmosfera”.
O projeto da Eletronuclear
De acordo com Marcelo Gomes, uma possibilidade para a empresa seria capturar o H2 limpo gerado pelo sistema de cloração das usinas e conduzi-lo até uma planta de beneficiamento para que ele possa ser usado em diferentes aplicações possíveis dentro de uma das vilas da Eletronuclear, como mobilidade/transporte, energia distribuída, armazenamento, combustíveis sintéticos e outras aplicações. Há em gestação, inclusive, um estudo de viabilidade com o Parque Tecnológico Itaipu (PTI).
Estima-se que o hidrogênio produzido na Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA) poderia propiciar o abastecimento de 80 carros/dia (autonomia de até mil quilômetros) e 314 quilowatts-hora (kWh), que equivale a 90% do consumo de energia dos principais prédios dentro do sítio ou cerca de 90% das casas das Vilas de Mambucaba (I e II).
Por fim, o chefe da Assessoria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Expansão da Geração na Eletronuclear elencou os diferenciais da proposta:
* Totalmente sustentável: usa água do mar, que é devolvida para a natureza com poder descontaminante.
* Impacto ambiental zero: projeto monitorado e validado há 25 anos, licenciado e regulado por órgãos ambientais (Instituto Estadual do Ambiente – Inea, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama e etc.).
* Pioneirismo e domínio da rota de eletrólise salina.
* Maior parte dos custos e O&M são absorvidos pela operação das usinas.
* Os eletrolisadores têm vida útil duas vezes mais longa (20 anos) que outros modelos e consomem menos que demais tipos.
* Disponibilidade de um habitat para testes na minicidade dos empregados.
* Proximidade de uma rodovia estadual importante, o mar e Parque Tecnológico de Angra – uma universidade (Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca – Cefet/RJ).
* A parte mais complexa da planta está operando, acelerando a implantação do projeto substancialmente (pode estar comissionado em menos de um ano).
Foto: Bernardo Andrade