O professor e físico Luiz Pinguelli Rosa, um dos maiores especialistas em energia do país, morreu nesta quinta-feira (3) no Rio aos 80 anos. A Reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) declarou luto oficial de três dias pelo falecimento de Pinguelli, um “defensor nato da universidade brasileira e da difusão da ciência e da tecnologia”.
A Eletrobras também lamentou o falecimento de Pinguelli, que presidiu a companhia entre 2003 e 2004. “Sua gestão foi marcada pela promulgação das leis que redefiniram o modelo institucional do setor elétrico, em março de 2004, reafirmando as funções da empresa como holding das concessionárias federais. Também neste período, a Eletrobras assumiu a gestão técnica e financeira do Programa Luz para Todos”, diz o comunicado da empresa.
Graduado em Física pela UFRJ, mestre em Engenharia Nuclear pela Coppe/UFRJ e doutor em Física pela PUC-Rio, Pinguelli foi diretor da Coppe por quatro mandatos. Ele colaborou na elaboração do relatório sobre o Acordo Nuclear Brasil-Alemanha, onde se previa o processo de transferência de tecnologia entre os países signatários. E também participou como professor ou instrutor de cursos para engenheiros da Nuclebrás e de projetos tecnológicos para a usina nuclear de Angra I.
Pinguelli era professor emérito e titular do Programa de Planejamento Energético da Coppe, professor e um dos fundadores do Programa de História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia (HCTE) da UFRJ. O docente também era secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, organismo científico do Governo do Brasil para estudar o problema do aquecimento global em suas implicações para o país, auxiliar na criação e promoção de políticas. Além disso, Pinguelli foi fundador da Associação de Docentes da UFRJ (Adufrj), tendo sido seu primeiro presidente.
Membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Pinguelli se dedicou a pesquisas em engenharia nuclear, física de reatores, física teórica e física de partículas. Suas áreas atuais de pesquisas se concentravam em planejamento energético, mudanças climáticas, além da epistemologia e história da ciência.
Além de orientar diversas dissertações e teses, Pinguelli publicou inúmeros trabalhos científicos em revistas nacionais e estrangeiras. Foi autor, coautor e organizador de livros sobre política energética, entre os quais: “Energia, tecnologia e desenvolvimento: energia elétrica e nuclear”; “Energia e crise”; “A política nuclear e o caminho da bomba atômica”; “Estado, energia elétrica e meio ambiente: o caso das grandes barragens”; “A reforma do setor elétrico no Brasil e no mundo: uma visão crítica”; “A reconstrução do setor elétrico”.
Pinguelli foi pesquisador e professor visitante de diversas instituições de ensino superior no exterior como: Universidade Stanford (EUA), Universidade da Pensilvânia (EUA), Universidade Grenoble Alpes (França), Universidade Cracóvia (Polônia), Centro Internacional de Pesquisa em Meio Ambiente e Desenvolvimento (França), Centro de Estudos Energéticos Enzo Tasselli (Itália), Agência Nacional de Energia Nuclear e Fontes Alternativas (Itália) e Fundação Bariloche (Argentina).
Luiz Pinguelli foi ainda membro do Conselho do Pugwash, entidade fundada por Albert Einstein e Bertrand Russel, a qual ganhou o Nobel da Paz em 1995 e estava participando do Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima (IPCC), instituição que recebeu o Nobel da Paz em 2007.
Recebeu diversos prêmios e honrarias nacionais e estrangeiros como o Forum Award da Sociedade Americana de Física, em 1992; a comenda com o grau de Chevalier de L’Ordre des Palmes Académiques, concedido em 1998 pelo Ministério da Educação da França; o Prêmio Golfinho de Ouro, categoria ciências, concedido no ano 2000 pelo Conselho Estadual de Cultura do Governo do Estado do Rio de Janeiro e as Medalhas da Ordem do Mérito do Ministério das Relações Exteriores e do Ministério da Defesa, em 2003. Em 2014, recebeu o prêmio de personalidade do ano, da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).