Por Tania Malheiros
O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN-SP) inaugura nesta sexta-feira (29/04), às 14h30, o seu primeiro laboratório com microscópio que terá capacidade de visualizar câncer cervical em áreas grandes, além de outras atividades como a realização de análise dos modos de vibração de uma molécula. O microscópio sub-nano a laser com tecnologia francesa: o SNOM (Near-field Scanning Optical Microscopy), se destina a desenvolver novos radiofármacos (insumos utilizados no diagnóstico e combate ao câncer). O IPEN obteve cerca de R$ 16 milhões através de edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), com o projeto “Capacitação cientifica, tecnologia e em infraestrutura em radiofármacos e radiações a serviço da Saúde”.
Segundo o coordenador responsável pelo projeto, Marcelo Linardi, o IPEN, Instituto da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), será a terceira instituição a adquirir o equipamento SNOM deste tipo no mundo, e o mínimo que se espera do equipamento são resultados de ponta. “Para termos ideia do alto nível de caracterização que o equipamento fornece, os grupos de pesquisa que o utilizam publicam com relativa frequência na Nature, uma das mais prestigiadas revistas científicas, com grande fator de impacto. Agora o IPEN terá condições técnicas para produzir trabalhos na área e radiofarmácia e nanotecnologia de alto nível”, avaliou Linardi.
UMA INFINIDADE DE APLICAÇÕES
Os pesquisadores Anderson Zanardi de Freitas, coordenador do projeto Multiusuário FAPESP no qual esse equipamento foi enquadrado; e Niklaus Ursus Wetter, do Centro de Lasers e Aplicações, que abriga o laboratório, são os responsáveis pelo equipamento SNOM. Segundo Wetter, são inúmeras as possibilidades de aplicações. “Fica até difícil mencionar as vantagens desse equipamento, tamanha a sua diversidade, desde visualização de câncer cervical em áreas grandes até a visualização de uma única molécula e análise dos modos de vibração desta molécula”, informou.
Ao destacar a importância do IPEN, Linardi lembrou também que o Centro de Radiofarmácia (CECRF) é uma área estratégica do Instituto, que desenvolve e produz radioisótopos e radiofármacos para a realização de diagnósticos e terapia em medicina nuclear. “Para ser uma instituição de vanguarda na pesquisa, desenvolvimento e produção de radiofármacos em prol da qualidade de vida humana, o IPEN deverá estar preparado para atender à demanda de comercialização dos radiofármacos, mesmo que crescente, e preparar-se para a introdução de novos produtos, mantendo o estado da arte no desenvolvimento de radiofármacos”, comentou.
O IPEN E A NANOTECNOLOGIA – No mesmo evento está programado o lançamento do livro institucional “O IPEN e a Nanotecnologia” da autoria de Linardi, pesquisador emérito do Instituto. A publicação resume todas as atividades do Instituto no campo da ciência e tecnologia, que permeia as inúmeras e diversificadas atividades do IPEN, nas áreas de saúde, energia, materiais e ensino.
O livro foi prefaciado pelo professor Ado Jorio de Vasconcelos do Laboratório de Nano-Espectroscopia, do Departamento de Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Nos últimos dois séculos, economia mundial tem exibido ciclos de crescimento ligados às revoluções industriais. Estas revoluções são precedidas por desenvolvimentos técnico-científicos disruptivos que mudam significativamente a nossa forma de vida. A primeira revolução industrial deu-se com o aparecimento da máquina a vapor, seguida de revoluções geradas pela introdução do sistema ferroviário, da energia elétrica, da indústria petroquímica e, por último, da tecnologia da informação. A próxima revolução tecnológica já exibe suas facetas, e apresenta-se relacionada ao desenvolvimento da nanotecnologia.”.
Foto: Pesquisadores IPEN
Fonte: Blog Tania Malheiros – Jornalista (http://taniamalheiros-jornalista.blogspot.com/)