Itália conclui consulta sobre repositório de rejeitos radioativos

Itália conclui consulta sobre repositório de rejeitos radioativos

Após uma consulta pública feita durante um ano, a Societa Gestione Impianti Nucleari SpA (Sogin) da Itália apresentou ao Ministério da Transição Ecológica áreas viáveis para hospedar o repositório nacional de resíduos radioativos e um parque tecnológico.

No dia 5 de janeiro do ano passado, a Sogin – empresa estatal responsável pelo descomissionamento das usinas nucleares da Itália – publicou a Carta Nacional de Áreas Potencialmente Adequadas (Cnapi, na sigla em inglês) para sediar a instalação e também a documentação relacionada ao projeto. Foram selecionados 67 sítios em potencial para um repositório de rejeitos radioativos nas regiões de Piemonte, Toscana, Lácio, Apúlia, Basilicata, Sardenha e Sicília. A consulta pública, que foi finalizada em 14 de janeiro deste ano e composta de três fases, teve início justamente com a divulgação da Cnapi.

Na primeira etapa, que durou até 5 de julho de 2021, a Sogin recolheu mais de 300 observações e propostas técnicas recebidas sobre a Cnapi e o projeto de repositório nacional de partes interessadas. Essa fase foi sucedida pelo Seminário Nacional, promovido de 7 de setembro a 24 de novembro do ano passado e que consistiu de nove encontros transmitidos virtualmente. Em 15 de dezembro, foi publicado o relatório geral do Seminário Nacional.

No fim desse evento, uma segunda fase de consulta pública foi aberta durante 30 dias, período em que os atores envolvidos puderam apresentar observações complementares e propostas técnicas à luz dos resultados obtidos do Seminário.

A Sogin disse que a proposta de Carta Nacional de Áreas Elegíveis (Cnai) encaminhada ao Ministério da Transição Ecológica foi elaborada “com base em mais de 600 questões, observações e propostas, abrangendo mais de 25.000 páginas com escrituras, documentos, estudos, relatórios técnicos e mapas”.

Tendo obtido o parecer técnico da Inspeção Nacional de Segurança Nuclear e Proteção Radiológica (Isin, na sigla em inglês), o Ministério da Transição Ecológica italiano deve aprovar a Cnai em decreto próprio, de acordo com o Ministério das Infraestruturas Sustentáveis e Mobilidade. O mapa dos sítios potenciais será então publicado nos portais da Sogin, dos dois ministérios e da Isin.

A expectativa é que o repositório de rejeitos e o parque tecnológico – planejados na superfície – sejam construídos em uma área de aproximadamente 150 hectares – 110 dedicados ao repositório e 40 ao parque. A instalação terá capacidade para armazenar cerca de 78 mil m³ de rejeitos de baixíssimos e baixos níveis de radioatividade e 17 mil m³ de rejeitos de médios e altos níveis, dependendo da disponibilidade de um repositório geológico profundo para o armazenamento. Já o parque tecnológico será um centro de pesquisa, aberto à cooperação internacional, onde poderão ser conduzidas atividades nos campos de energia, gestão de resíduos e desenvolvimento sustentável.

Os resíduos radioativos da Itália atualmente estão estocados em cerca de 20 depósitos temporários, que não são adequados para o descarte final. Além dos resíduos gerados pela operação e o descomissionamento de instalações do ciclo de combustível e das usinas nucleares italianas, inclui os rejeitos oriundos de atividades médicas, industriais e de pesquisa.

Foto: 67 locais com potencial para abrigar a instalação foram identificados / Crédito: Sogin

Fonte: World Nuclear News – WNN (https://www.world-nuclear-news.org/Articles/Consultation-on-Italian-repository-concludes)