Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen/Cnen) aplicou metodologias para livrar os objetos de contaminações por insetos; itens resgatam aspectos da história da sociedade paulista e paulistana do século 20.
O Museu Paulista da Universidade de São Paulo (USP), também conhecido como Museu do Ipiranga, reabre para o público em setembro, em comemoração ao bicentenário da Independência do Brasil, após nove anos de reformas. Entre as atrações, obras da Coleção Ivani e Jorge Yunis (CIJY), doada em fevereiro. Antes de seguirem para o novo destino, elas passaram por processo de desinfestação por ionização gama no Ipen/Cnen.
O procedimento ocorreu no Irradiador Multipropósito de Cobalto-60 do Instituto, a partir da aplicação da radiação gama. O método permitiu livrar os objetos da contaminação por insetos e realizar rápida entrega ao Museu. Uma das peças tratadas é uma escrivaninha, que poderá ser vista na exposição “Casas e Coisas”, quando da reinauguração do Museu, no próximo mês.
Segundo Pablo Vásquez, pesquisador responsável pela linha de pesquisa para preservação de objetos de patrimônio cultural e pelo Irradiador Multipropósito, a tecnologia utilizada resolve o problema em poucas horas. A radiação gama atinge especificamente o contaminante biológico, e as peças ficam prontas para as próximas etapas que antecedem a entrega – higienização, acondicionamento, restauro e exposição –, sem oferecer risco aos profissionais envolvidos e sem a necessidade de quarentena.
“A nossa tecnologia oferece um processo sustentável. Utilizamos um radioisótopo que não deixa o material radiativo e nem contamina o ambiente”, diz o pesquisador, acrescentando que os objetos irradiados podem ser manuseados imediatamente após serem submetidos à radiação. “Se fosse um procedimento tradicional tipo químico, por exemplo, geralmente seria necessária uma quarentena em torno de 40 dias”, compara.
A ação foi realizada a partir da parceria existente entre o Ipen/Cnen e a CIJY, coleção que contém acervo artístico e documental datado do período entre o século 4 a.C. e os anos 1970. Na avaliação de Vásquez, essa colaboração é de grande importância: “Além de transferir nossa tecnologia para eles, temos acesso a materiais únicos para pesquisa na área da preservação”, diz.
A notícia foi publicada originalmente no site do Ipen/Cnen.
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Foto: Escrivaninha passou por processo de desinfestação por ionização gama no Ipen/Cnen e estará na exposição Casas e Coisas, em setembro / Crédito: Pablo Vásquez
Fonte: Assessoria de Comunicação Social do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen/Cnen)