Fusão nuclear é debatida no Seminário sobre Múltiplas Aplicações da Energia Nuclear e das Radiações

Fusão nuclear é debatida no Seminário sobre Múltiplas Aplicações da Energia Nuclear e das Radiações

Um dos destaques do 1º Seminário sobre Múltiplas Aplicações da Energia Nuclear e das Radiações, ocorrido na última quinta, dia 15, nas modalidades presencial (Rio de Janeiro) e virtual, foi o painel sobre Fusão Nuclear, que reuniu o professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (Ifusp) e coordenador do projeto de modernização do reator tokamak TCABR da USP, Gustavo Paganini Canal, e os representantes do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) Ari Nelson Rodrigues Costa e Alessandro de Oliveira Santos.

Durante sua apresentação, dividida pelos desenvolvimentos da fusão nuclear no mundo e no Brasil e pela exploração das tecnologias associadas ao desenvolvimento da fusão, o professor Gustavo Canal explicou as ações fundamentais para a implementação do Programa Nacional de Fusão Nuclear (PNFN). “Implantação de um laboratório de porte nacional que concentre e coordene esforços que levem ao desenvolvimento da fusão nuclear no País, formação de recursos humanos através de participação de grupos de pesquisa nacionais atuantes na área de fusão nuclear e envolvimento progressivo do setor privado nacional para que este absorva e domine as tecnologias associadas ao desenvolvimento da fusão nuclear”, frisou.

O objetivo do PNFN, destacou o pesquisador, é definir diretrizes e ações de curto, médio e longo prazo que criem no País as condições necessárias para incluir a fusão nuclear em nossa matriz energética, caso a fonte venha a se mostrar atrativa no futuro.

Ainda segundo ele, o tokamak brasileiro TCABR, em processo de modernização por meio de um sistema inovador de bobinas magnéticas para controle de instabilidades de plasma, deverá ser a primeira máquina do Laboratório de Fusão Nuclear (LFN), a qual propiciará a realização de todas as provas de conceito necessárias para projetor o primeiro reator de fusão nuclear do País. Além disso, o reator TCABR poderá ser a segunda máquina no planeta a produzir plasma em qualquer forma.

O professor Gustavo Canal também salientou que o desenvolvimento de supercondutores de alta temperatura viabilizará o domínio da fusão nuclear em escala comercial, pois a chamada “rota acelerada” permite reduções de tamanho e custo de reatores a fusão.

Spin-offs tecnológicos

No entendimento do coordenador do projeto de modernização do reator tokamak TCABR, a pesquisa em fusão nuclear propiciará o desenvolvimento de bobinas supercondutoras para o Brasil, beneficiando indústria e comércio, usinas eólicas (geração e distribuição de energia), motores navais (aplicações na indústria naval e Defesa) e equipamentos de ressonância magnética nuclear (aplicação na saúde).

Já o desenvolvimento de fontes de alta potência e de alto desempenho é de grande interesse nos setores de transporte (motores para tração metroviária), geração de energia (excitatrizes de geradores elétricos) e de geração de energia / indústria / comércio (tochas de plasma). Por fim, em sua visão, o desenvolvimento de materiais resistentes a altas temperaturas e altos fluxos de calor também atrai grande interesse nas áreas aeroespacial, de fissão nuclear, de alto-fornos, etc.

Tokamaks no País

Além do TCABR, acrônimo de Tokamak à Chauffage Alfvén Brésilien, que é operado pelo Laboratório de Física de Plasmas (LFP) do Ifusp, existem outros dois tokamaks em atuação no Brasil: o Experimento Tokamak Esférico (ETE), operado pelo antigo Laboratório Associado de Plasma (LAP) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e o NOVA-Ufes, operado pelo Laboratório de Plasma Térmico (LPT) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

+ Proposta de Programa Nacional de Fusão Nuclear (fonte: Comissão Nacional de Energia Nuclear – Cnen)
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Foto: Da esquerda para a direita – Gustavo Paganini Canal, professor do Ifusp e coordenador do projeto de modernização do reator tokamak TCABR da USP; moderador Ari Nelson Rodrigues Costa, do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT); e professor Alessandro de Oliveira Santos, também do IMT / Crédito: Bernardo Andrade