Por David Dalton
Emmanuel Macron anunciou planos para construir até 14 usinas nucleares, enquanto a candidata da extrema direita, Marine Le Pen, projetou 20
O governo francês contratou o grupo financeiro Goldman Sachs para ajudá-lo a identificar possíveis estratégias de reestruturação financeira para a EDF, de acordo com fontes anônimas citadas pelo site francês BFM Business.
Uma opção cogitada é a nacionalização total, seguida pela venda do negócio de energias renováveis da EDF para arrecadar fundos para a construção de seis reatores nucleares EPR2, da próxima geração.
O presidente da França, Emmanuel Macron, quer relançar o programa nuclear comercial do país com a construção de pelo menos seis novas usinas – e a possibilidade de mais oito, totalizando, assim, 14 – caso seja reeleito nas eleições presidenciais francesas.
Por sua vez, Marine Le Pen, adversária no segundo turno das eleições no próximo dia 24, também apoia o fortalecimento da energia nuclear na França. Em seu plano, chamado “Marie Curie”, a política anunciou os desejos de estender a vida útil das usinas nucleares em operação para 60 anos, reabrir a planta de Fessenheim – fechada em 2020, e construir cinco pares de reatores EPR até 2031 e mais cinco pares de reatores EPR da próxima geração até 2036.
A França é o país mais “nuclearizado” do mundo em termos proporcionais, pois 70% da sua eletricidade é oriunda dos 56 reatores de potência que possui em funcionamento. Além disso, está construindo uma usina com reator EPR – Flamanville-3 – na Normandia, empreendimento que tem sofrido atrasos e estouros de custos. Quando o projeto Flamanville-3 saiu do papel, em 2007, a data de lançamento original era 2012, mas agora é 2023.
Em outubro do ano passado, Macron frisou que até 2030 a França deveria ser líder na produção de energia livre de carbono com um pequeno reator modular (Small Modular Reactor – SMR) em operação e usinas nucleares produzindo hidrogênio limpo por meio de eletrólise.
O presidente declarou que a Europa nunca terá capacidade instalada de fontes renováveis suficiente para gerar o volume necessário de hidrogênio verde e que as usinas nucleares francesas são um grande trunfo nesse sentido. Ele também salientou que o país construiria um SMR e duas “megafábricas” para a produção de hidrogênio verde – tudo até o fim desta década.
O presidente da EDF, Jean-Bernard Lévy, informou em recente entrevista que a implantação de seis novas unidades EPR entre 2035 e 2045 ajudaria a França a atingir suas metas de neutralidade climática e apoiaria o desenvolvimento acelerado no campo de energias renováveis.
Comentário da Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN):
Independentemente do rumo político que a França seguirá após as eleições, marcadas para o próximo dia 24 de abril, o país continuará a trilhar seu caminho de prosperidade com o pleno uso da energia nuclear, cujo futuro está garantido e, mais do que isso, será expandido. Diferente de algumas nações vizinhas, a França ratifica, assim, uma matriz elétrica limpa, verde, confiável, firme e segura.
Foto: Lançamento da usina nuclear Flamanville-3, da EDF, agora está previsto para 2023 / Cortesia EDF
Fonte: NucNet (https://www.nucnet.org/news/government-makes-move-on-edf-restructuring-as-election-candidates-both-support-new-nuclear-4-5-2022)