Em reportagem veiculada no site Petronotícias, especialistas do setor energético brasileiro ressaltam a importância de a matriz nacional ter maior participação da energia nuclear, cujas características (firme, limpa, confiável, sem emissão de gases de efeito estufa e de base) complementam as das fontes variáveis, como eólica, hidrelétrica, solar e até mesmo biomassa. O próprio Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2031 prevê a diminuição da participação da energia hidrelétrica no mix brasileiro e os crescimentos das fontes eólica e solar, bem como a construção de uma nova usina nuclear (além de Angra 3) com capacidade elétrica instalada de 1 gigawatt (GW) nesse horizonte (saiba mais aqui).
A presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum, pontuou ao Petronotícias que usinas nucleares e empreendimentos de geração eólica formariam um “casamento perfeito”, pois a nuclear é “uma fonte de geração firme”. E acrescentou: “Em um horizonte de longo prazo, eu acho muito difícil ter uma matriz energética limpa sem a participação da fonte nuclear, principalmente falando da economia global”.
Ao portal, o presidente da Eletronuclear, Leonam Guimarães, levantou a bandeira de desenvolver um modelo colaborativo entre as fontes variáveis renováveis e a nuclear, pois o Brasil precisa expandir o sistema elétrico de modo a garantir confiabilidade e segurança de abastecimento. Para ele, o investimento em energia nuclear fará com que o País mantenha uma matriz elétrica limpa e será vantajoso na medida em que reatores podem ser instaladas em locais com maior demanda de energia, evitando, assim, a construção de longas linhas de transmissão. Guimarães também falou ao Petronotícias sobre os pequenos reatores modulares (SMRs, na sigla em inglês), que, em comparação com grandes usinas nucleares, podem ser construídos mais rapidamente e com menos custos financeiros, atendendo, inclusive, a comunidades remotas.
Na linha dos SMRs, o professor do Programa de Planejamento Energético do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) e ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, destacou, ao site Petronotícias, que a tecnologia precisa estar no tabuleiro de opções do setor elétrico brasileiro, sobretudo se oferecer flexibilidade. O docente ainda discorreu sobre temas como a grande reserva de urânio existente em território brasileiro e a importância de garantir que as construções de usinas nucleares saiam dentro dos prazos e custos previstos.
Comentário da Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN):
A energia nuclear não é a única solução para a expansão da matriz elétrica brasileira, sobretudo considerando o iminente esgotamento do potencial de crescimento da participação hídrica na geração de eletricidade, mas, indubitavelmente, é peça-chave na questão. Por apresentar qualidades como não emitir gases de efeito estufa; gerar energia firme, de base e confiável; ter tecnologia amplamente dominada por nossos engenheiros, pesquisadores e cientistas; poder ser instalada em pequenas áreas e próximas aos grandes centros urbanos – não necessita de grandes linhas de transmissão; e ter matéria-prima – urânio – em abundância no Brasil, a fonte nuclear é imprescindível para o desenvolvimento da nossa nação.
Foto: Leonam Guimarães, Elbia Gannoum e Mauricio Tolmasquim / Divulgação Petronotícias
Fonte: Petronotícias (https://petronoticias.com.br/especialistas-em-energia-avaliam-nuclear-como-opcao-para-dar-suporte-a-expansao-das-renovaveis-no-brasil/)