O site Petronotícias noticiou que os Estados Unidos, imbuídos em descarbonizar sua matriz elétrica, possuem planos para converter centenas de usinas térmicas a carvão em nucleares. Caso a ideia avance, geraria benefícios econômicos e ambientais tangíveis para as comunidades onde essas usinas estão localizadas. Estudo do Departamento de Energia dos EUA (DOE, na sigla em inglês) indica que essa transição poderia ajudar a aumentar a geração nuclear do país para mais de 350 gigawatts-elétricos (GWe). Os Estados Unidos, líder do ranking mundial de usinas nucleares, possuem uma capacidade nucleoelétrica instalada de 95 GWe.
De acordo com o Petronotícias, o relatório do DOE é sustentando por conclusões obtidas pelos laboratórios nacionais estadunidenses de Argonne, Idaho e Oak Ridge, que são patrocinados pelo seu Escritório de Energia Nuclear. As questões que nortearam o estudo são: onde nos EUA estão localizadas as instalações de carvão aposentadas e quais fatores tornam um local viável para a transição?; quais fatores de tecnologia, custo e cronograma do projeto impulsionam a economia do investidor em tal decisão?; e como a conversão impactará as comunidades locais?
A análise de sítios de usinas térmicas a carvão constatou que existem 157 instalações aposentadas e 237 em operação como potenciais candidatas para uma transição. Constatou-se também que 80% dos locais potenciais são adequados para hospedar usinas nucleares avançadas de tamanho e tipo variados, dependendo da área convertida. Os cenários analisados no estudo incluem diversas tecnologias, como grandes reatores de água leve, pequenos reatores modulares (SMRs), reatores rápidos refrigerados a sódio e reatores de alta temperatura.
Em termos regionais, a transformação de uma usina a carvão em nuclear poderia gerar cerca de 650 empregos – na própria planta, na cadeia de suprimentos correlata e na comunidade do entorno – e US$ 275 milhões em atividade econômica. Os projetos de usinas nucleares também podem beneficiar-se da preservação da força de trabalho experiente existente nas comunidades ao redor das instalações de plantas a carvão.
O reaproveitamento da infraestrutura existente também foi considerado, podendo levar a economias de custos de construção de 15% a 35%. Além disso, o uso de terrenos existentes, conexões de rede, prédios comerciais, equipamentos elétricos – como conexões de transmissão e pátios de manobra – e infraestrutura civil pode acarretar em economia prévia milionária.
A possibilidade de tornar usinas a carvão em nucleares está sendo ativamente explorada nos Estados Unidos. A TerraPower, por exemplo, anunciou planos no ano passado para construir uma unidade de demonstração de seu reator rápido refrigerado a sódio Natrium em uma planta a carvão aposentada no Estado de Wyoming.
Já no início deste ano, a Maryland Energy Administration anunciou interesse quanto à possibilidade de reaproveitar uma usina a carvão com o SMR de modelo Xe-100 da X-energy. Por sua vez, a Holtec International anunciou recentemente que considera locais de usinas de carvão como possíveis sítios para seu reator SMR-160, o qual deverá entrar em operação pela primeira vez em 2029. A China, outro player do setor nuclear mundial, também caminha nessa direção.
+ Futuro nuclear para usinas a carvão nos Estados Unidos
Imagem: Freepik
Fonte: Petronotícias