Em mudança histórica, verdes finlandeses concluem que reatores são importantes para reduzir a emissão de gases do efeito estufa e combater o aquecimento global.
A Deutsche Welle (DW) informou que o Partido Verde da Finlândia decidiu incluir em seu programa a defesa da energia nuclear ao considerá-la uma fonte de energia sustentável e importante para o combate ao aquecimento global. Nesse sentido, o partido deseja reformas legislativas para agilizar o processo de aprovação de pequenos reatores modulares (Small Modular Reactors – SMRs) e aumentar a vida operacional das usinas em operação por lá.
A decisão de abandonar a bandeira antinuclear é pioneira no Partido Verde em nível mundial, conforme salientou a integrante da legenda na Finlândia Tea Törmänen. Vale destacar que o Partido Verde tem boa representatividade no país escandinavo, pois faz parte da coalização que governa a Finlândia, comanda ministérios e possui 20 representantes no Parlamento.
Energia nuclear em alta na Finlândia
Aproximadamente 35% da eletricidade produzida no país tem origem nuclear (existem cinco usinas em operação: Loviisa 1 e 2 e Olkiluoto 1, 2 e 3) e, na última pesquisa de opinião sobre o tema, feita no ano passado, 74% dos finlandeses demonstraram apoio à fonte.
Com relação à mudança de paradigma do Partido Verde no país, os políticos perceberam que a energia nuclear é importante, junto com as fontes eólica e solar, para reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Contudo, dessas três alternativas, apenas a nuclear é firme, atuando na base do sistema, bem como possui grande confiabilidade e altíssimo fator de capacidade (proporção entre a produção efetiva de uma usina em um período de tempo e a capacidade total máxima no mesmo período), superior a 90%.
Conforme reportou a DW, um grupo dentro do partido busca fomentar decisões políticas com base na ciência e, com o respaldo interno de jovens, conseguiu promover a mudança de posicionamento da legenda.
Outro fator que contribuiu para a nova postura do Partido Verde é o geopolítico: recentemente a Rússia, que promove guerra contra a Ucrânia, cortou o fornecimento de eletricidade e gás natural para a Finlândia.
União Europeia deu status verde para nuclear
A DW também destacou que o debate sobre o uso de energia nuclear tem ocupado a formulação de políticas da União Europeia (UE). Em fevereiro deste ano, a Comissão Europeia aprovou projeto que classifica a nuclear como fonte de energia sustentável, abrindo espaço para investimentos verdes.
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A Finlândia faz parte do conjunto de países favoráveis à energia nuclear, junto com França, Polônia, Hungria, República Tcheca, Bulgária e Eslováquia. Esse bloco derrotou a corrente antinuclear composta por Alemanha, Áustria, Dinamarca e Luxemburgo.
Nesse contexto, o presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou o “renascimento da energia nuclear” no país e a construção de seis novas usinas nucleares até 2050 (confira aqui). A França produz 70% de sua energia em usinas nucleares e é o segundo país que mais produz nucleoeletricidade no mundo e o primeiro em termos proporcionais.
Leia a matéria original da Deutsche Welle aqui.
Foto: Vista área da usina nuclear de Loviisa na Finlândia em 2007 / Crédito: Säteilyturvakeskus/Domínio Público
Fonte: Deutsche Welle (matéria disponível no G1)