Eletronuclear recebe estudo do BNDES sobre Angra 3

Eletronuclear recebe estudo do BNDES sobre Angra 3

Valor para desistir do empreendimento é similar ao de finalizar; tarifa de comercialização proposta é de R$ 653,31/MWh

Estima-se que o custo para abandonar as obras de Angra 3 pode passar de R$ 21 bilhões. O dado é fruto do estudo independente, imparcial e aprofundado produzido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sobre a terceira usina nuclear brasileira. O montante seria praticamente o mesmo de se concluir o empreendimento, entretanto sem gerar energia elétrica. A expectativa é que a usina entre em operação comercial em 2031.

O material foi entregue à Eletronuclear na última terça-feira (03), e traz a viabilidade técnica, econômica e jurídica do projeto. O estudo será enviado pela empresa ao Ministério de Minas e Energia (MME) e aos acionistas (ENBPar e Eletrobras) no mesmo dia e, em seguida, o MME deverá encaminhar para o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que decidirá pela conclusão ou não da usina.

A tarifa proposta no estudo está estimada em R$ 653,31 por megawatt-hora (MWh). Esse valor é similar à tarifa de referência definida pelo CNPE em 2018 (R$ 480,00, em valores da época, que atualmente correspondem a R$ 639,00). Já o custo para finalizar a construção de Angra 3 foi avaliado em torno de R$ 23 bilhões. O montante já investido na obra é de quase R$ 12 bilhões.

O valor da tarifa é inferior ao custo de diversas outras térmicas, medidas pelos chamados Custos Variáveis Unitários (CVU). Com efeito, a média dos CVUs das usinas térmicas do subsistema Sudeste corresponde a R$ 665,00/MWh, conforme dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) de agosto de 2024.

“Esta é uma etapa crucial para a continuidade da obra e determinação da tarifa de comercialização da energia que será gerada pela usina. Estamos confiantes de que as obras deslanchem em breve e que o setor nuclear volte a ser pujante no Brasil”, afirma o presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo.

O estudo identificou também que cerca de R$ 800 milhões em equipamentos de Angra 3 foram utilizados por Angra 2. Da mesma forma, entre R$ 500 milhões a R$ 600 milhões em combustível nuclear foram utilizados pela segunda usina brasileira, e tinham sido inicialmente comprados para a terceira. Por isso, aproximadamente R$ 1,4 bilhão será reembolsado pelo próprio caixa de Angra 2. Tal fato impacta positivamente a competitividade tarifária de Angra 3.

O documento aponta ainda que qualquer resultado financeiro positivo identificado futuramente, e incentivos tributários do setor, como o Renuclear – que tramita na Câmara dos Deputados -, poderão ser usados para beneficiar os custos da usina a ser construída.

“Em resumo, temos uma proposta de tarifa competitiva para uma térmica que fornecerá uma energia firme, confiável e limpa ao sistema. Mas, aos que ainda questionam este aspecto, é importante destacar que os custos para desistir de Angra 3 também não são baixos. A diferença é quem vai pagar essa conta”, finaliza Lycurgo.

Entenda melhor

Como falado anteriormente, desistir do projeto implicaria em um custo de cerca de R$ 21 bilhões, divididos da seguinte forma, com valores aproximados:

– R$ 9,2 bilhões para quitar financiamentos já existentes com a Caixa e o BNDES, incluindo multas e penalidades decorrentes da não conclusão da obra;
– R$ 2,5 bilhões para a rescisão de contratos firmados e suas respectivas penalidades;
– R$ 1,1 bilhão para a devolução de incentivos fiscais recebidos na importação e aquisição de equipamentos;
– R$ 940 milhões em desmobilização das obras já realizadas;
– R$ 7,3 bilhões de custo de oportunidade de capital investido.

Esses valores teriam que ser quitados em curto prazo, resultando adicionalmente na perda definitiva de quase R$ 12 bilhões já investidos.

Com a sua finalização, a obra será financiada pela própria Eletronuclear junto a um consórcio de bancos. Por outro lado, abandonar o projeto exigirá que a União assuma os custos, transferindo, em última instância, para a conta de luz sem que os consumidores recebam energia em troca.

Sobre Angra 3

A terceira usina nuclear brasileira terá potência de 1.405 megawatts, sendo capaz de produzir cerca de 12 milhões de MWh anuais. Com a conclusão de Angra 3, a Central Nuclear de Angra passará a gerar o equivalente a 70% do consumo do estado do Rio de Janeiro. O empreendimento apresenta, no momento, um progresso físico global de 66%.

A usina vai operar com alto grau de confiabilidade e contribuir para a segurança de abastecimento para o sistema elétrico brasileiro, reduzindo o risco de apagões. A geração da unidade será suficiente para atender 4,5 milhões de habitantes.

Para visualizar a relevância da produção de energia de Angra 3, ela seria capaz de carregar, simultaneamente, 30 mil carros elétricos, numa fila de 13 km equivalente à ponte Rio-Niterói. Em um dia, esse número chegaria a 720 mil carros elétricos.

Angra 3 também terá importante papel na diversificação da matriz elétrica e reduzir os custos totais do Sistema Interligado Nacional (SIN), na medida em que substituirá a energia gerada por usinas térmicas que apresentam alto custo de geração e são frequentemente despachadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Destaca-se ainda o papel de gerar energia limpa, pois usinas nucleares não emitem gases responsáveis pelo efeito estufa. Por exemplo, uma usina a carvão emite 820 g/kWh de CO2, podendo chegar ao dobro dependendo da planta. Em contrapartida, uma usina nuclear emite apenas 12g/kWh.

Fazendo uma comparação, Angra 1 e 2 juntas, gerando 14,5 bilhões de kWh em um ano, emitem 174 mil toneladas de CO2 no período. Uma usina a carvão com a mesma produção emite 11,9 milhões de toneladas do gás poluente.

Ou seja, uma usina a carvão geraria, neste contexto, 11.729.000 toneladas de CO2 a mais. Seria necessário plantar 586 milhões de árvores para compensar o dano, cerca de um milhão de hectares. Essa diferença, acumulada durante 25 anos, seria equivalente a toda área do estado de São Paulo.

Outro ponto relevante é sua proximidade aos principais centros de consumo do país, o que contribuirá para minimizar as perdas por transmissão de energia. Menos um peso na conta do contribuinte. A construção da unidade também é fundamental para dar escala a toda a cadeia produtiva do setor nuclear brasileiro, da produção de combustível à geração de energia.

Além de ficar perto dos consumidores, as usinas nucleares têm a vantagem de ocupar pouco espaço. Para se ter uma ideia, o espaço dedicado à Angra 3 é de 0,08 km². Dentro do estádio do Maracanã, cabem duas usinas do tamanho de Angra 3, e ainda sobra espaço. Uma usina fotovoltaica (energia solar) ocupa uma área de 40 km², uma hidrelétrica 125 km², e por fim, a eólica 400 km².

O empreendimento representará ainda a criação de cerca de 7 mil empregos diretos, no pico da obra, além de um número muito maior de empregos indiretos. A grande maioria será contratada na Costa Verde fluminense, o que será um importante fator para movimentar a economia da região.

A notícia foi publicada originalmente no site da Eletronuclear.

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Foto: Usina nuclear Angra 3 / Divulgação Eletronuclear

Fonte: Assessoria de Comunicação Social da Eletronuclear