Declaração do diretor-geral da AIEA sobre a situação na Ucrânia – Update 124

Declaração do diretor-geral da AIEA sobre a situação na Ucrânia – Update 124

A energia externa foi restaurada na central nuclear ucraniana de Zaporizhzhia (ZNPP, na sigla em inglês) dois dias depois de perder todo o acesso à eletricidade fora do sítio no último incidente, destacando a situação precária de segurança e proteção física na maior instalação nuclear da Europa, informou o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, no último sábado, dia 5.

Ambas as linhas de energia externas de Zaporizhzhia – uma de 750 quilovolts (kV) e uma de reserva de 330 kV usadas para fornecimento de eletricidade da rede – foram reparadas e a reconexão começou na tarde de sexta-feira passada, 4. Por volta das 22h daquele dia, o fornecimento de energia de 750 kV para todos os seis reatores do sítio foi restabelecido e os oito geradores a diesel de emergência em operação foram desligados e colocados em modo de espera, declarou Grossi, citando informações que recebeu da equipe de especialistas da AIEA presentes na central.

A linha de 750 kV está, portanto, mais uma vez fornecendo a eletricidade que os seis reatores de Zaporizhzhia precisam para resfriamento e outras funções essenciais de segurança e proteção física nuclear, incluindo a unidade 4, que anteriormente havia perdido sua conexão com a linha de 750 kV em uma explosão de mina terrestre no fim de outubro. A linha de energia externa de 330 kV para a subestação da usina termelétrica próxima também está disponível para fornecer energia de reserva à ZNPP.

A linha de 750 kV foi desconectada do sítio de Zaporizhzhia após o bombardeio na quarta-feira passada, 2, e a linha de 330 kV também foi perdida algumas horas depois, com ambas sofrendo danos físicos a cerca de 50-60 quilômetros da central em território controlado pela Ucrânia. Os geradores a diesel de emergência de Zaporizhzhia começaram automaticamente a gerar eletricidade de reserva até que a energia externa fosse restaurada. Na ocasião, o sítio tinha combustível dos geradores a diesel para cerca de 15 dias de operação. A equipe da AIEA foi informada de que os suprimentos de diesel continuam a ser entregues no local, e a equipe de Zaporizhzhia estava planejando reabastecer os tanques de todos os geradores a diesel.

Não há alteração no panorama operacional de todas as unidades. Os reatores nº 5 e nº 6 estão em desligamento semiquente fornecendo vapor para o local e arranjos estão sendo feitos para aquecer ainda mais essas unidades para um estado de desligamento a quente. As outras quatro permanecem em desligamento a frio.

Zaporizhzhia já havia perdido energia externa várias vezes durante o atual conflito na Ucrânia, forçando-a a depender dos geradores a diesel até que a eletricidade externa estivesse disponível novamente.

“As repetidas quedas de energia demonstram claramente a situação extremamente séria de segurança e proteção física nuclear que essa grande instalação está enfrentando. Até agora, a corajosa equipe de Zaporizhzhia sempre conseguiu manter a operação segura dos seis reatores. Mas, a situação não pode continuar assim. Tenho pedido repetidamente a criação urgente de uma zona de segurança e proteção física em torno de ZNPP para evitar um acidente nuclear. Não podemos perder mais tempo. Devemos agir antes que seja tarde demais”, pontuou o diretor-geral da AIEA.

Nas últimas semanas, Rafael Grossi se envolveu em conversas de alto nível com a Ucrânia e a Rússia que visam concordar e implementar uma zona de segurança em torno de Zaporizhzhia o mais rápido possível.

Leia a declaração original do diretor-geral da AIEA, em inglês, aqui.

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Foto: Bandeira da AIEA / Divulgação

Fonte: Assessoria de Comunicação Social da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)