Engenheiros ucranianos restauraram a energia externa da central nuclear de Zaporizhzhia (ZNPP, na sigla em inglês) anteontem, 9, um dia depois que a instalação perdeu a conexão com sua última linha de energia em operação devido a bombardeios, informou o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi.
Após a conclusão, com sucesso, do conserto, a linha de 750 quilovolts (kV) foi reconectada à maior central nuclear da Ucrânia – e da Europa – na noite de anteontem, permitindo, desse modo, o início do desligamento dos geradores a diesel de emergência que forneceram a eletricidade de backup desde que a conexão foi cortada na manhã de sábado passado, dia 8.
Os seis reatores do sítio estão desligados a frio, mas ainda precisam de energia para resfriamento e outras funções essenciais de segurança e proteção física nuclear.
O diretor-geral da AIEA, que recebeu notícias sobre a restauração de energia externa da equipe de especialistas em segurança, proteção física e salvaguardas nucleares da própria instituição presentes na central nuclear, disse que era um avanço muito necessário, mas que a situação de energia em Zaporizhzhia permanece frágil.
Também ontem, Grossi condenou os ataques militares em áreas que podem afetar a integridade do sítio, inclusive nas cidades de Enerhodar e Zaporizhzhia.
“Agora, há bombardeios quase diariamente na região onde está localizada a central nuclear de Zaporizhzhia e na qual vivem os trabalhadores da instalação e suas famílias. Os bombardeios devem parar imediatamente. Já está tendo um impacto na situação de segurança e proteção física de ZNPP”, reiterou.
Nos últimos dias, ocorreram bombardeios frequentes em uma área industrial entre a central de Zaporizhzhia e Enerhodar. Ataques de mísseis mais distantes também foram registrados, incluindo o trágico anteontem na cidade de Zaporizhzhia. Um comboio de cinco caminhões transportando suprimentos adicionais vitais de diesel para ZNPP, que está atualmente na cidade, planeja cruzar a linha de frente para chegar ao complexo nuclear, segundo reportou a equipe operacional ucraniana aos especialistas da AIEA. As atuais reservas de diesel do local duram cerca de 10 dias.
“Esses ataques militares em Zaporizhzhia e seus arredores aumentam o risco de um acidente nuclear, se atingirem as linhas de energia externas da instalação ou dificultarem o fornecimento de combustível e equipamentos”, lamentou o diretor-geral da AIEA.
Ele tem proposto há bastante tempo o estabelecimento de uma zona de segurança e proteção física nuclear em torno de Zaporizhzhia, engajando-se em negociações de alto nível com a Ucrânia e a Rússia com o objetivo de implementá-la o quanto antes.
Destacando ainda mais os riscos potenciais para o sítio, uma mina terrestre explodiu anteontem à tarde fora da cerca de perímetro, segundo foi informada a equipe de especialistas da AIEA no local. Essa foi a mais recente de uma série de explosões observadas nas últimas semanas.
Paralelamente, um suprimento de diesel fornecido pela corporação estatal nuclear da Rússia, a Rosatom, chegou a Enerhodar.
Leia a declaração original do diretor-geral da AIEA, em inglês, aqui.
+ Declaração do diretor-geral da AIEA sobre a situação na Ucrânia – Update 114 (em inglês – fonte: IAEA)
+ Central nuclear ucraniana de Zaporizhzhia deve ser protegida com urgência, diz diretor-geral da AIEA depois que a instalação perdeu toda a energia externa devido a bombardeio (em inglês – fonte: IAEA)
+ Declaração do diretor-geral da AIEA sobre a situação na Ucrânia – Update 113 (em inglês – fonte: IAEA)
+ Diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, e presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, se reúnem em Kiev e discutem sobre situação em Zaporizhzhia (em inglês – fonte: IAEA)
+ Declaração do diretor-geral da AIEA sobre a situação na Ucrânia – Update 112 (em inglês – fonte: IAEA)
+ Declaração do diretor-geral da AIEA sobre a situação na Ucrânia – Update 111
Foto: Bandeira da AIEA / Divulgação
Fonte: Assessoria de Comunicação Social da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)