A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) informou que o bombardeio ocorrido na manhã de ontem, dia 21, na central nuclear de Zaporizhzhia (ZNPP, na sigla em inglês), na Ucrânia, danificou cabos que fornecem eletricidade para um de seus seis reatores, forçando temporariamente a dependência desta unidade de geradores a diesel de emergência para fornecimento da eletricidade necessária para funções essenciais de segurança. A AIEA tomou conhecimento da situação pela equipe ucraniana responsável pela operação da central nuclear.
Dois dos três geradores a diesel de emergência da unidade nº 6 ligaram automaticamente e operaram por cerca de 40 minutos após o bombardeio ocorrido às 01h13 de ontem (horário local) próximo à sala de turbinas, que fica ao lado do prédio do reator. Os geradores a diesel de emergência não eram mais necessários depois que o operador conseguiu novamente acessar a eletricidade externa para o reator 6 da linha de energia principal existente em Zaporizhzhia, por meio do pátio de manobra de usina termelétrica próxima.
Os outros cinco reatores de Zaporizhzhia não foram afetados, continuando a receber energia diretamente da linha de energia externa do sítio que foi restaurada na semana passada. Estão em curso trabalhos de reparação dos cabos danificados da unidade 6, bem como esforços para restabelecer a ligação direta dessa unidade à linha de alimentação externa da central nuclear. Os seis reatores de ZNPP – a maior central nuclear da Ucrânia e Europa – estão em estado de desligamento a frio, mas ainda precisam de energia para manter o resfriamento e outras funções vitais de segurança.
O diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, que está nas Nações Unidas em Nova Iorque para consultas de alto nível sobre sua proposta de estabelecer uma zona de segurança e proteção física nuclear ao redor de Zaporizhzhia, disse estar seriamente preocupado com o último bombardeio na instalação.
Ele enfatizou a importância de a Agência estar presente no sítio para observar e relatar tais incidentes de maneira imparcial e independente. Nesse contexto, o diretor-geral reiterou que a equipe da AIEA disponível em Zaporizhzhia nas últimas três semanas pôde transmitir informações diretamente à sede da Agência em Viena, Áustria, e conduzir suas atividades sem qualquer impedimento, restrição ou interrupção.
O incidente de ontem, 21, ocorreu após outro episódio de bombardeio no dia anterior, em um dos componentes do sistema de remoção de calor das usinas, que danificou a tubulação. Também há relatos de bombardeios na área industrial ao redor da usina termelétrica, localizada a poucos quilômetros de ZNPP.
“Isso mais uma vez demonstra a necessidade urgente de estabelecer tal zona em torno de Zaporizhzhia. Até anteontem, parecia haver menos bombardeios na usina ou perto dela, mas esse último episódio mostra que o perigo continua muito real. Não desapareceu e não podemos perder mais tempo”, frisou Grossi. E concluiu: “Estou determinado a fazer tudo o que puder para que a segurança nuclear e a zona de proteção física ao redor de ZNPP se torne realidade muito em breve. Minhas reuniões de alto nível nas Nações Unidas nesta semana são cruciais para alcançar tal objetivo, que é de suma importância para evitar que um grave acidente nuclear ocorra”.
Leia a declaração original do diretor-geral da AIEA, em inglês, aqui.
+ Declaração do diretor-geral da AIEA sobre a situação na Ucrânia – Update 104
+ Nuclear Safety, Security and Safeguards in Ukraine – 2nd Summary Report by the director general (28 April – 5 September 2022)
Foto: Bandeira da AIEA / Divulgação
Fonte: Assessoria de Comunicação Social da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)