Brasil é forte candidato a tornar-se exportador de combustível nuclear

Brasil é forte candidato a tornar-se exportador de combustível nuclear

Reportagem publicada pelo site Petronotícias versa sobre o Brasil reunir as condições necessárias para tornar-se um player no mercado de exportação de combustível nuclear – o País domina a tecnologia de enriquecimento e possui muitas reservas de urânio, sendo que as atuais se concentram no Nordeste, em Caetité/BA e Santa Quitéria/CE, e podem cobrir as necessidades brasileiras, incluindo o programa de construção de novas usinas, o qual totalizará de 8 a 10 GW de capacidade. O tema foi discutido em painel no evento Nuclear Summit 2022, organizado nesta semana pela Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan).

No entendimento da presidente e CEO do Nuclear Energy Institute (NEI), Maria Korsnick, o fato de vários países terem planos de crescimento da geração nuclear demandará, evidentemente, mais urânio. “O Brasil é abençoado nesse sentido com suas reservas de urânio e também tem um mercado para enriquecimento de urânio. Olhando para o futuro, se ouvirmos as tendências do mercado, até o final desta década e até na próxima, haverá um aumento significativo da demanda por urânio enriquecido. Com os acontecimentos atuais entre a Ucrânia e a Rússia, muitos países vão querer sair da matriz russa. Isso é uma oportunidade para o Brasil preencher essa lacuna”, explicou.

A visão de Maria Korsnick é a mesma do presidente da Eletrobras Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães. Conforme o Petronotícias veiculou, ele acredita que “a expansão da participação da nuclear nas matrizes energéticas no exterior dá ao Brasil a oportunidade de ampliar sua capacidade industrial nas etapas que ainda precisam de impulso – produção de concentrado, conversão e enriquecimento”.

“Além do atendimento do mercado interno, o Brasil precisa pensar também no mercado internacional e na possibilidade de participar como exportador de concentrado de urânio, hexafluoreto de urânio natural ou hexafluoreto de urânio enriquecido. É uma oportunidade muito ampla que se abre no médio e longo prazos para o Brasil”, discursou Guimarães, que também pontuou a consolidação de novas tecnologias de reatores, como os Small Modular Reactors (SMRs), cujos projetos têm base no HALEU (urânio enriquecido entre 5% e 20%).

“Isso abre um novo mercado que, até então, era um nicho muito pequeno, atendendo apenas reatores de pesquisa. Abre-se assim uma perspectiva de oportunidade para o Brasil, tendo em vista que o país já domina a tecnologia de enriquecimento e já produziu o HALEU para o reator IEA-R1 do Ipen”, concluiu o presidente da Eletronuclear.

Esse painel do Nuclear Summit 2022 também contou com a participação da diretora-geral da World Nuclear Association (WNA), Sama Bilbao y León. O Petronotícias reportou que a executiva vislumbra o Brasil com a capacidade de estimular outros países a investirem na tecnologia nuclear. “O que eu diria é que à medida que os projetos nacionais desenvolvem as capacidades locais, acho que o Brasil pode tornar-se um exemplo para os demais países, caso todos os empreendimentos nucleares sejam lançados a tempo. A indústria nuclear brasileira será capaz de contribuir e apoiar países que estão querendo começar ou acelerar a implantação de usinas”, projetou.

Por sua vez, o professor do Programa de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ e ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, destacou vantagens da energia nuclear: não emissão de gases do efeito estufa (ao contrário das outras fontes de base), pequeno uso de terra (uma central nuclear ocupa em média pouco mais de 1 km²), confiabilidade e domínio de enriquecimento de urânio, no caso brasileiro. O docente também abordou obstáculos a serem transpostos: gestão dos resíduos, custos elevados e atrasos nas obras de usinas nucleares no País.

Por fim, segundo o Petronotícias divulgou, o diretor de Engenharia da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), Reive Barros, afirmou que a questões de custos elevados será resolvida quando houver escala na construção de usinas nucleares no Brasil. Ele também abordou o dilema quanto à definição do modelo do negócio.

O site Petronotícias ainda noticiou que o Ministério de Minas e Energia (MME) declarou, durante o Nuclear Summit, que a construção de usinas nucleares com a participação da iniciativa privada é um assunto que pode ser consolidado como uma diretriz do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).


Presidente da Eletronuclear, Leonam Guimarães, e apresentador do painel, Rodrigo Polito / Divulgação Petronotícias

Imagem destaque: Shutterstock / Bjoern Wylezich

Fonte: Petronotícias – Jornalista Davi de Souza (https://petronoticias.com.br/especialistas-veem-brasil-como-forte-candidato-a-tornar-se-exportador-de-combustivel-nuclear/)