Sob o ponto de vista elétrico, a UTN Angra 3 traz os seguintes principais benefícios relacionados ao desempenho elétrico da Rede Básica de suprimento à área Rio de Janeiro/Espírito Santo:
a) Permite manter a qualidade do suprimento em situações de parada das UTNs Angra 1 e Angra 2, para recarga ou manutenções;
b) Aumenta os limites de transmissão para a área Rio de Janeiro/Espírito Santo reduzindo tanto a necessidade do uso de SEPs de corte de carga, principalmente em situações de contingências duplas quanto a de geração térmica em situações de parada das UTNs Angra 1 e Angra 2, para recarga ou manutenções ou situações de indisponibilidade de Linhas de 500 kV;
c) Melhora o perfil de tensão nas malhas de 500 kV, 440 kV e 345 kV da região Sudeste, decorrente da redistribuição de fluxo através de atendimento local ao centro de carga (Rio de Janeiro e Espírito Santo).
Os custos associados ao eventual abandono do projeto equivalem a cerca de pouco mais que a metade dos investimentos necessário à sua conclusão. Esse custo seria totalmente improdutivo e seria em última instância arcado pela União, como sócia majoritária e demais sócios da Eletronuclear, sendo o principal a Eletrobras. Entretanto, em última instância, esse custo improdutivo seria arcado pelo consumidor e pelo contribuinte. Pelo outro lado, o investimento produtivo proporcionaria ao sistema elétrico brasileiro 60 anos de 1.405 MW de energia limpa, sem emissões de carbono, disponível mais de 90% do tempo e despachável em quaisquer condições climáticas. Isso associado a um preço de venda de energia que implicaria a um mínimo aumento médio para consumidores, da ordem de menos de 1%.
O preço de venda da energia de Angra 3, considerado alto em termos absolutos, deve-se ao fato de agregar custos associados às paralisações e atrasos decorrentes de processos longos de tomada de decisão. Cada mês adicional ao cronograma para o início da operação comercial da usina agrega cerca de R$100 milhões ao custo total do empreendimento, a maior parte devido a despesas financeiras. Esse preço inclui, portanto, aquilo que poderia chamar-se de “custo de indecisão” ou “custo da ineficiência” que não se relacionam com a geração nucleoelétrica propriamente dita. Casos esses custos fossem expurgados do cálculo, o valor seria significativamente reduzido. Cabe ainda notar que durante a recente crise hídrica foi necessário pagar valores de MWh que chegaram a ultrapassar R$ 2.000. Pode-se assim depreender que o preço de venda da energia de Angra 3 talvez não seja tão elevado em termos relativos.
Foto: Usina nuclear Angra 3 / Divulgação Eletronuclear
Nota da ABEN
Contribuição do associado Leonam dos Santos Guimarães