ABEN e SEENEMAR celebram parceria para colaborar no desenvolvimento do setor nuclear no País e em especial no Estado do Rio de Janeiro

ABEN e SEENEMAR celebram parceria para colaborar no desenvolvimento do setor nuclear no País e em especial no Estado do Rio de Janeiro
Na tarde da última segunda-feira, dia 23, ocorreu a assinatura do Memorando de Entendimento (MOU) entre o Estado do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria de Energia e Economia do Mar (SEENEMAR), e a Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN)

O evento, realizado em um lotado Salão Nobre do Palácio Guanabara, reuniu Presidente e Diretores da Eletronuclear, Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. (NUCLEP), Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. (AMAZUL) e Itaguaí Construções Navais (ICN) – empresa responsável pela construção dos submarinos do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) da Marinha do Brasil, bem como representante da Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM), representantes da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), de empresas privadas como a Framatome e de Consulados da Rússia, dos EUA, do Japão e da Bélgica e os Deputados Federais Hugo Leal (Secretário da SEENEMAR), Júlio Lopes (Presidente da Frente Parlamentar Mista de Tecnologia e Atividades Nucleares – FPN) e Áureo Ribeiro (Vice-presidente da FPN).

Executivos de instituições nucleares brasileiras
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Por parte da ABEN, estiveram presentes o Presidente John M Albuquerque Forman, os Vice-presidentes Antônio Müller e André Osório, o Vogal Jairo Bastos, a Conselheira Fiscal Olga Mafra e a Coordenadora de Assuntos Institucionais Irini Tsouroutsoglou. O evento foi muito bem-sucedido e foi mencionado que estavam presentes todos os Presidentes das empresas do setor nuclear, fato inédito.

O Secretário Hugo Leal ressaltou que “o Estado do Rio de Janeiro é o único representante nacional de geração de energia nuclear e esse diferencial deve ser apoiado e valorizado. Ações integradas entre o governo e o setor são imprescindíveis para o desenvolvimento desse segmento e também para o processo de descarbonização da economia”. O Estado do Rio de Janeiro, que reúne todas as instalações industriais, de projeto e regulação do setor, tem todas as condições de contribuir para a expansão do Programa Nuclear no País.

Em seguida, o Presidente da ABEN, John M Albuquerque Forman, reiterou que “a energia nuclear representa 40% da eletricidade consumida no Estado do Rio de Janeiro”, que abriga, além dos reatores de potência, instalações como a Fábrica de Combustível Nuclear (FCN) da INB, a qual produz os elementos combustíveis para as usinas, e as cascatas de enriquecimento isotópico, tecnologia restrita a poucos países. No Estado do Rio também está instalada a NUCLEP, a melhor e mais moderna fábrica de equipamentos pesados do setor nuclear do mundo.

Diretores da ABEN presentes na cerimônia de assinatura do MOU com a SEENEMAR
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Ele também frisou que em um mundo que vivencia a retomada da geração elétrica com base no nuclear, com a China construindo 20 novas usinas e a França retomando o seu programa de construção, assim como outros países europeus e os EUA, o Brasil tem uma posição ímpar de poder vir a ser um fornecedor mundial de combustível nuclear.

O renascimento da indústria nuclear em nível global é impulsionado em grande parte a uma nova geração de reatores que está surgindo no mundo, os chamados pequenos reatores modulares (Small Modular Reactors – SMRs), com inúmeros projetos sendo desenvolvidos, com poucos já em operação, como acontece na Rússia. O Brasil tem um protótipo desenvolvido no programa nuclear da Marinha Brasileira, que pode vir a ser adaptado para a geração de energia. Muitos países estão hoje avaliando se devem desenvolver SMRs ou comprar a tecnologia de um determinado tipo, quando disponível.

O Presidente da ABEN também enfatizou que entende que o Brasil tem a capacidade e o domínio tecnológico para desenvolver um SMR nacional. Estaríamos repetindo o que aconteceu há anos nos EUA, quando o reator desenvolvido para o projeto dos primeiros submarinos nucleares foi adaptado para a geração de energia.

O CEO da ICN, Renaud Poyet, destacou o programa de cooperação entre o Brasil e a França criado em 2008, o PROSUB. O objetivo deste programa da Marinha do Brasil, em execução por diferentes entidades e empresas, é a produção de quatro submarinos convencionais e a fabricação do primeiro submarino brasileiro convencionalmente armado com propulsão nuclear, bem como a construção de um complexo de infraestrutura industrial e de apoio à operação dos submarinos.

O Diretor-presidente da AMAZUL, Vice-Almirante Newton Costa Neto, pontuou que o desenvolvimento de um SMR é um desafio no qual o País tem a capacidade de encarar, uma vez que já está construindo um SMR no Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (LABGENE), no Centro Experimental Aramar. Em sua visão, a AMAZUL, mesmo sendo uma empresa nova, com dez anos de existência, também tem o privilégio de trabalhar com todos os atores presentes na solenidade.

O ineditismo do evento, como salientou Newton Costa Neto, foi ter todos os representantes da parte industrial do setor nuclear reunidos discutindo objetivos comuns para um programa nacional e se dispondo a desenvolver uma cooperação ativa, para que os objetivos sejam atingidos.

Em seu discurso, o Presidente da INB, Adauto Seixas, abordou a busca de parceiros para desenvolver as jazidas de urânio conhecidas e o cronograma atual para aumento da capacidade das cascatas de enriquecimento isotópico, instaladas no Município de Resende/RJ.

O Presidente da NUCLEP, Carlos Henrique Seixas, pontuou as áreas de atuação da empresa e confirmou a grande capacidade de caldeiraria que dispõe em Itaguaí/RJ. Além disso, assinalou que a NUCLEP está preparada para desenvolver vasos de pressão de SMRs, uma possibilidade real no Brasil.

A principal mensagem transmitida pelo Diretor-presidente da Eletronuclear, Eduardo Grand Court, foi a retomada das obras da usina nuclear Angra 3 e a disposição de continuar a desenvolver o setor nuclear. Além disso, lembrou que um dos focos da empresa é a extensão da vida útil da primeira usina nuclear brasileira, Angra 1, por mais 20 anos.

O Presidente da CNEN, Francisco Rondinelli, enfatizou a importância da formação de pessoal para o setor nuclear (graduação, mestrado e doutorado) e afirmou que a autarquia trabalha para que o licenciamento dos SMRs possa vir a ser feito em futuro previsível. Rondinelli também frisou a importância do projeto do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) e os usos da energia nuclear em outras áreas, como medicina, preservação de alimentos, produção de radioisótopos e patrimônio cultural.

Na sequência, o Deputado Júlio Lopes informou que apresentará em novembro, no Congresso Nacional, uma proposta de desburocratização e de aceleração para um novo Programa Nuclear Brasileiro, a qual está aberta para colaboração de especialistas do setor. Além disso, informou que realizará, ainda em outubro, visita às instalações do Centro Industrial Nuclear de Aramar, da Marinha do Brasil, e convidou interessados a integrarem sua comitiva.

Ao fim, o subsecretário da SEENEMAR Felipe Peixoto salientou a importância da compatibilização de dados entre as entidades do setor nuclear, como também fora sugerido pelo Deputado Júlio Lopes.

Plateia presente no evento
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O Memorando de Entendimento firmado entre SEENEMAR e ABEN visa a estabelecer relações colaborativas entre as duas instituições a fim de promover o desenvolvimento, o acompanhamento e a identificação das demandas do setor de energia nuclear, a partir da troca de informações que viabilizem a melhoria do ambiente de negócios e do ambiente de oferta energética.

Foto em destaque: Assinatura do MOU entre SEENEMAR (Hugo Leal) e ABEN (John M Albuquerque Forman) / Crédito: Philippe Lima

Foto (2): Da esquerda para a direta – Representante da DGDNTM, Vice-Almirante Henrique Baptista de Souza; Diretor-presidente da AMAZUL, Newton Costa Neto; Presidente da INB, Adauto Seixas; CEO da ICN, Renaud Poyet; Presidente da NUCLEP, Carlos Henrique Seixas; ex-Ministro de Minas e Energia e associado da ABEN, Bento Albuquerque; Presidente da ABEN, John M Albuquerque Forman; Secretário de Energia e Economia do Mar, Hugo Leal; Diretor-presidente da Eletronuclear, Eduardo Grand Court; Presidente da CNEN, Francisco Rondinelli; Presidente da Frente Parlamentar Mista de Tecnologia e Atividades Nucleares, Deputado Júlio Lopes; e Vice-presidente da Frente Parlamentar Mista de Tecnologia e Atividades Nucleares, Deputado Áureo Ribeiro / Crédito: Philippe Lima

Foto (3): Da esquerda para a direta – Diretoria da ABEN representada por Antônio Müller, Jairo Bastos, Olga Mafra, John M Albuquerque Forman, Irini Tsouroutsoglou e André Osório / Crédito: Bernardo Andrade

Foto (4): Evento realizado no Palácio Guanabara reuniu grande plateia / Crédito: Philippe Lima

Veja mais fotos aqui (crédito: Philippe Lima).