ARTIGO | Superação de Obstáculos: usinas nucleares que ressurgiram após longas Paralisações

ARTIGO | Superação de Obstáculos: usinas nucleares que ressurgiram após longas Paralisações

A energia nuclear tem desempenhado um papel crucial na busca por fontes de energia limpa e sustentável em todo o mundo. No entanto, a construção de usinas nucleares frequentemente se depara com desafios complexos que podem levar a atrasos substanciais e, em alguns casos, à paralisação total das obras. Examinaremos um conjunto notável de usinas nucleares que enfrentaram interrupções prolongadas, mas conseguiram superar as adversidades e retomar suas construções, contribuindo para a oferta de energia nuclear de forma segura e eficaz.

Usina nuclear antiga
Divulgação LinkedIn Leonam Guimarães

Usina Nuclear de Watts Bar (EUA)

A Usina Nuclear de Watts Bar, localizada no Tennessee, Estados Unidos, é um exemplo notável de resiliência e determinação na indústria nuclear. Inicialmente planejada para ter dois reatores, a construção foi iniciada na década de 1970. No entanto, desafios técnicos e financeiros levaram à suspensão do projeto na metade dos anos 80.

Após mais de duas décadas de interrupção, a Tennessee Valley Authority (TVA) reiniciou a construção da unidade 2 da usina em 2007. Esse esforço perseverante culminou na operação comercial da unidade 2 em 2016, marcando um marco importante na história das usinas nucleares dos EUA.

Usina Nuclear de Belene (Bulgária)

Localizada na Bulgária, a Usina Nuclear de Belene enfrentou uma trajetória tumultuada. Inicialmente concebida na década de 1980, a construção foi suspensa devido a mudanças políticas e instabilidades financeiras após o colapso da União Soviética.

No entanto, a Bulgária decidiu retomar os planos de construção da usina no início dos anos 2000. Apesar de enfrentar desafios contínuos, como questões financeiras e preocupações de segurança, o país permaneceu comprometido com o projeto, demonstrando a importância da energia nuclear em sua estratégia energética.

Usina Nuclear de Cernavoda (Romênia)

A Usina Nuclear de Cernavoda, na Romênia, é um exemplo inspirador de superação de obstáculos. A construção da unidade 1 da usina começou nos anos 80, mas foi interrompida devido a desafios financeiros e políticos. Apesar dos contratempos, a Romênia perseverou e a unidade 1 foi finalmente concluída e entrou em operação em 1996.

A unidade 2 da Usina Nuclear de Cernavoda também passou por atrasos e desafios semelhantes. No entanto, o compromisso inabalável resultou na retomada das obras e na entrada em operação da unidade 2 em 2007, fortalecendo a posição da energia nuclear na matriz energética romena.

Usinas Nucleares de Angra (Brasil)

No Brasil, as usinas nucleares de Angra também enfrentaram obstáculos consideráveis. A Usina Nuclear de Angra 2 enfrentou atrasos devido a problemas financeiros e preocupações de segurança. No entanto, o país não desistiu do projeto, e a usina Angra 2 foi inaugurada em 2001, acrescentando uma valiosa fonte de energia à nação.

A Usina Nuclear de Angra 3, por sua vez, teve uma jornada ainda mais desafiadora. Inicialmente concebida na década de 1980, a construção foi interrompida várias vezes devido a problemas técnicos e financeiros. Apesar das adversidades, o Brasil manteve seu compromisso com a usina e, atualmente, está trabalhando para retomar as obras e concluir o projeto, refletindo a importância estratégica da energia nuclear no país.

Usina Nuclear de Atucha (Argentina)

Na Argentina, a Central Nuclear de Atucha é um exemplo notável de determinação e perseverança. A construção da Atucha 1 começou na década de 1970. Apesar dos desafios políticos e técnicos, a Argentina persistiu na construção da usina, que entrou em operação comercial em 1974. Atucha 2, a segunda unidade da usina, representa uma evolução tecnológica em relação à Atucha 1. Sua construção começou em 1981, mas devido a problemas econômicos e políticos, o projeto foi interrompido por um período. No entanto, a dedicação argentina à tecnologia nuclear prevaleceu e a construção foi retomada, com a usina entrando em operação comercial em 2014.

Usina Nuclear de Zwentendorf (Áustria)

A Usina Nuclear de Zwentendorf, na Áustria, teve uma história peculiar. Embora a construção tenha sido concluída nos anos 70, ela nunca entrou em operação. Isso ocorreu devido a preocupações públicas e um referendo nacional em 1978 que resultou na decisão de não utilizar energia nuclear para fins comerciais. Apesar de não ter retomado a construção, a usina representa um exemplo notável de como as decisões políticas podem moldar o destino das usinas nucleares.

Usina Nuclear de Bataan (Filipinas)

Nas Filipinas, a Usina Nuclear de Bataan enfrentou uma história diferente. A construção começou nos anos 70, mas foi interrompida devido a preocupações com segurança e questões políticas. Após um período de controvérsias e debates, o governo filipino optou por não prosseguir com o projeto, levando à paralisação da usina de Bataan. Recentemente o governo filipino passou novamente a considerar a energia nuclear no seu planejamento energético e se encontra em avaliação técnica e econômica da eventual retomada de Bataan.

Em resumo, as usinas nucleares aqui discutidas compartilham uma narrativa comum de enfrentar paralisações prolongadas, mas também demonstram resiliência notável ao superar obstáculos e retomar suas construções. Esses exemplos ilustram a complexidade e a determinação envolvidas na implementação bem-sucedida de usinas nucleares e enfatizam o papel crucial da energia nuclear na busca por fontes de energia limpa e sustentável em todo o mundo.

O artigo foi publicado originalmente na página no LinkedIn de Leonam dos Santos Guimarães.

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Autor: Engenheiro Leonam dos Santos Guimarães – associado da ABEN
Foto: Divulgação Eletronuclear

Fonte: Página no LinkedIn de Leonam dos Santos Guimarães