A Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) propôs ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) a elaboração de um Programa Nuclear Brasileiro. O anúncio foi feito durante a visita do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI/PR), Marcos Antonio Amaro dos Santos, na sede da autarquia, no Rio de Janeiro, no último dia 10. Na ocasião, os principais projetos estruturantes e estratégicos da Comissão foram a pauta do encontro, com especial destaque para o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB).
A instalação, que está sendo construída em Iperó, na região de Sorocaba, em São Paulo, vai impulsionar a medicina nuclear nacional e para a área de saúde vai significar a autossuficiência na produção de radiofármacos, elementos radioativos empregados em medicina nuclear para diagnóstico e tratamento de diversas doenças, em oncologia, cardiologia, entre outras áreas.
O ministro e seu assessor, Agnaldo Vasconcelos, foram recebidos pelo presidente da Cnen, Francisco Rondinelli Jr.; pelo diretor de Pesquisa e Desenvolvimento, Wilson Calvo; pelo diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear, Alessandro Facure; pelo diretor de Gestão Institucional, Pedro Maffia; pelo coordenador-geral de Planejamento e Avaliação, Roberto Xavier, e pelo procurador-geral, Rômulo Lima. Também foi ressaltada nessa reunião entre o GSI e dirigentes da Cnen a necessidade de efetiva criação da Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN).
As diferentes aplicações da tecnologia nuclear com alcance social, impacto econômico e de desenvolvimento para a sociedade brasileira foram elencadas pelo presidente da Cnen e pelo diretor de P&D. O presidente Rondinelli lembrou dos grandes temas de pesquisas apoiados pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e da grande cooperação Brasil-Argentina para a construção do RMB.
O Laboratório de Fusão Nuclear, projetado para funcionar no sítio do RMB foi explicitado pelo dirigente. Ele destacou ainda o projeto Centena, um centro tecnológico ambiental para abrigar rejeitos radioativos, que vai também ser uma instalação para produzir e disseminar conhecimento científico, com pesquisas avançadas.
Sobre os reatores modulares (SMR), Rondinelli discorreu em linhas gerais sobre a tecnologia, que hoje totalizam 86 projetos pelo mundo. Os SMR têm uma série de vantagens: representam uma solução econômica, com menor custo de implantação. Ele destacou que sua utilização no Brasil poderia beneficiar regiões remotas.
Seja com a produção dos radiofármacos, com pesquisas ambientais, nas aplicações industriais, as ações da autarquia em pesquisa, ensino, inovação e regulação da área têm resultado em maiores desafios e demandam ações integradas, de acordo com avaliação unânime dos dirigentes da Cnen. Rondinelli destacou ainda a grande capacidade de produção de urânio no país, suficiente para abastecer um parque nuclear com 10 a 12 usinas. O ministro se disse satisfeito com as informações recebidas e disposto a contribuir com as ações pertinentes à sua pasta.
O ministro Marcos Santos destacou que o GSI, órgão de coordenação do Programa Nuclear Brasileiro, pretende auxiliar as deliberações que promovam maior desenvolvimento do Programa em todas as suas esferas de atuação. Acrescentou que “o RMB realmente é um objetivo a ser alcançado. Tenho procurado promover a implementação desse reator multipropósito. Assim como o Centena, é outro objetivo que vamos contribuir para sua implementação”.
Na função ensino, as iniciativas da Cnen têm procurado apoiar os cursos de graduação em engenharia nuclear, já existentes em universidades como a UFRJ e a USP, e daquelas instituições com interesse em estruturar, como o Instituto Militar de Engenharia (IME). Esse compromisso com a formação de jovens profissionais, com a educação e com a possibilidade de fortalecer a cadeia produtiva nacional são fundamentais, na avaliação do diretor de P&D, Wilson Calvo.
Outro assunto que ganhou destaque na reunião foram os desafios em segurança cibernética e como o governo federal está atento a essa discussão. Pela Cnen, o titular da DGI/Cnen, Pedro Maffia, disse que a instituição tem participado de discussões e fóruns importantes nessa área, como o Encontro Guardião Cibernético (já em sua quinta edição em outubro de 2023), buscando um grande avanço em segurança da informação.
Também tratando da segurança cibernética, Alessandro Facure, diretor da DRS/Cnen, exemplificou como os prejuízos nessa área podem não ser apenas financeiros, mas, também, para a saúde da população. “Na área médica exigimos certos registros para credenciar as instalações; ataques à segurança desses dados podem significar um imenso impacto”.
Ao final do encontro, ficou acertada uma nova reunião em Brasília para sistematizar as próximas etapas rumo ao fortalecimento da política nuclear e ao alcance de um programa nuclear que atenda as expectativas e anseios da sociedade brasileira rumo à justiça social, equidade, desenvolvimento e bem-estar social.
A notícia foi publicada originalmente no site da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen).
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Foto: Ministro Marcos Santos, com o presidente da Cnen, Francisco Rondinelli Jr., e o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento, Wilson Calvo / Crédito: Bianca Wendhausen
Fonte: Assessoria de Comunicação Social da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen)