“Hoje, eu fui informado pela equipe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) no sítio de Zaporizhzhia, na Ucrânia, da grave situação que se desenvolveu ontem à noite na instalação.
A infraestrutura de energia que alimenta a cidade de Enerhodar, sede dos operadores da central nuclear e de suas famílias, foi destruída por bombardeio no pátio de manobra da usina termelétrica da região, levando a um apagão completo em Enerhodar: sem água corrente, sem energia e sem acesso a esgoto.
Dado o aumento e continuidade dos bombardeios, há pouca probabilidade de restabelecer a energia confiável externa para a central nuclear de Zaporizhzhia, especialmente porque bombardeios danificam contínua e repetidamente a infraestrutura de energia.
Como resultado, a AIEA entende que a operadora, não tendo mais confiança na restauração da energia externa, está considerando desligar o único reator ainda em operação no sítio. A central inteira seria, portanto, totalmente dependente de geradores de emergência a diesel para garantir funções vitais de segurança e proteção física. E, como consequência, o operador não poderia religar os reatores a menos que a energia externa fosse restabelecida de forma confiável.
Além disso, há indicações de que, com as circunstâncias cada vez mais terríveis que a população de Enerhodar está enfrentando, existe o risco significativo de um impacto na disponibilidade de pessoal essencial no sítio para continuar a operar com segurança o complexo.
Essa é uma situação insustentável e que se torna cada vez mais precária. Enerhodar escureceu. A central nuclear não tem energia externa. E vimos que, uma vez que a infraestrutura é reparada, ela é danificada novamente.
Isso é completamente inaceitável. Não pode ficar assim.
Por isso, peço urgentemente o fim imediato de todos os bombardeios na área. Somente isso garantirá a segurança e proteção do pessoal operacional e permitirá a restauração duradoura da energia para a cidade de Enerhodar e para o sítio.
Essa situação dramática demonstra a necessidade absoluta de estabelecer agora uma zona de segurança e proteção física nuclear.
É a única maneira de garantir que não enfrentemos um acidente nuclear.”
Leia a declaração original do diretor-geral da AIEA, em inglês, aqui.
+ Nuclear Safety, Security and Safeguards in Ukraine – 2nd Summary Report by the director general (28 April – 5 September 2022)
+ Declaração do diretor-geral da AIEA sobre a situação na Ucrânia – Update 99
Foto: Diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi / Divulgação
Fonte: Assessoria de Comunicação Social da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)