Nesta sexta-feira, dia 19, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, renovou seu urgente apelo para a máxima contenção militar na área da central nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, após novos sinais de crescente tensão sobre a maior instalação nucleoelétrica da Europa.
Pouco mais de uma semana depois de informar o Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre o agravamento da situação de segurança e proteção física do sítio, o diretor-geral da AIEA alertou que qualquer nova escalada relacionada à instalação, que abriga seis reatores, poderia levar a um severo acidente nuclear com consequências potencialmente graves para a saúde humana e o meio ambiente na Ucrânia e em outros países.
Diante da grave situação, Grossi reiterou a necessidade de enviar uma missão da Agência para realizar atividades essenciais de segurança, proteção física e salvaguardas no sítio, localizado no sul da Ucrânia. Ele disse que a AIEA realiza consultas com todas as partes sobre seus esforços para enviar essa missão o mais rápido possível. Como em duas missões anteriores da AIEA em solo ucraniano durante a guerra promovida pela Rússia, o próprio diretor-geral lideraria essa nova missão.
Rafael Grossi também saudou declarações recentes indicando que tanto a Ucrânia quanto a Rússia apoiam o objetivo da AIEA de enviar uma missão em Zaporizhzhia.
O diretor-geral emitiu essa declaração de hoje (19) em resposta a reportagens e outras informações recebidas pela AIEA nos últimos dias, as quais indicam possíveis novos riscos de segurança e proteção física na central nuclear menos de duas semanas após bombardeios terem causado alguns danos na instalação, incluindo atividades de resposta em caso de emergência, o que provocou um alarme generalizado sobre a situação no local.
“Nesta situação altamente volátil e frágil, é de vital importância que nenhuma nova ação seja tomada de modo que possa colocar ainda mais em risco a segurança e proteção física de uma das maiores centrais nucleares do mundo”, enfatizou Grossi.
“Há uma necessidade urgente de diminuir a tensão e tomar as medidas necessárias para ajudar a garantir a segurança e proteção e prevenir qualquer consequência radiológica para a população e o meio ambiente. A AIEA pode desempenhar um papel indispensável nesse sentido”, acrescentou.
A AIEA não consegue visitar o sítio desde antes do início do conflito, há meio ano. As forças russas tomaram o controle da central nuclear no início de março, mas funcionários ucranianos continuam à frente da operação de Zaporizhzhia.
A Ucrânia também informou à AIEA que decidiu fazer “uma mudança” na licença regulatória de Zaporizhzhia, instruindo o operador ucraniano a manter as unidades 1 e 2 desligadas – atualmente, apenas os reatores 5 e 6 estão em operação. A AIEA continua monitorando o panorama operacional das plantas, bem como a segurança e a proteção física em geral.
Usinas nucleares na Ucrânia
O país europeu também informou hoje à AIEA que dez de seus 15 reatores nucleares estão atualmente conectados à rede, incluindo dois em Zaporizhzhia, três em Rivne, três em South Ukraine e dois em Khmelnytskyy.
Em relação às salvaguardas, o diretor-geral disse que a AIEA continua a receber dados remotos das quatro centrais nucleares operacionais ucranianas, bem como da central nuclear desativada de Chernobyl.
Leia a declaração original do diretor-geral da AIEA, em inglês, aqui.
+ Declaração do diretor-geral da AIEA sobre a situação na Ucrânia – Update 91
Foto: Bandeira da AIEA / Divulgação
Fonte: Assessoria de Comunicação Social da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)