O site Petronotícias noticiou que o impacto da nova taxonomia da União Europeia (UE), um sistema que classifica quais investimentos são sustentáveis, provavelmente apoiará a expansão da geração nuclear em alguns países do bloco. Segundo recente análise feita pela Rystad Energy, empresa norueguesa de pesquisa em energia e inteligência de negócios, as usinas nucleares emitiram na Europa, em 2021, 99,7% menos eqCO2/TWh em seus ciclos de vida em comparação com os das plantas a gás e 99,8% menos em relação às centrais a carvão. A taxonomia da UE descreve quais tipos de usinas nucleares estão dentro de uma faixa aceitável, principalmente com base na segurança. Desse modo, os reatores da Geração III serão incluídos na classificação se as usinas que os abrigarem forem atualizadas com frequência para os mais recentes padrões de segurança e de eliminação de resíduos.
Em geral, os reatores nucleares da Geração III produzem menos resíduos e apresentam alta eficiência, sistemas de segurança passiva e vida útil média de cerca de seis décadas. A capacidade instalada combinada dos prováveis reatores nucleares europeus dessa Geração, que são construídos desde meados dos anos 1980, é de 14,5 gigawatts (GW). E sob a taxonomia, depois de 2040, essas plantas não caberão mais no projeto. A classificação da UE inclui usinas nucleares das gerações III+ e IV também – os reatores da III+ possuem aval até 2045 e, os da IV, período indefinido.
De acordo com o Petronotícias, a Rystad Energy espera que cerca de 48,28 GW da atual frota nuclear europeia seja desativada até 2035 – com apenas 26,51 GW de capacidade adicionada durante o período – causando uma perda líquida de nucleoeletricidade de 21,77 GW. Uma vez que a maior parte das usinas que deverão ser desativadas na UE contêm reatores da Geração II, a taxonomia não salvará esses projetos. É mais provável que as plantas da Geração III+ propostas se tornem viáveis, e, assim, a taxonomia da União Europeia poderia trazer, no máximo, cerca de 20 GW a 25 GW de nova capacidade.
Por sua vez, os reatores da Geração IV estão em discussão desde o início dos anos 2000, mas apenas em estágio conceitual. A comercialização, o planejamento e a construção dessas usinas são improváveis antes de 2035. Embora a fonte nuclear não tenha um objetivo explicitamente declarado de substituir o carvão, os países pró-nucleares podem enxergar aí uma oportunidade de trocar as plantas térmicas a carvão por mais reatores nucleares em vez de gás natural, que também é um combustível fóssil.
No entendimento da Rystad Energy, é muito provável que o aumento do financiamento para projetos nucleares fomente as usinas da Geração IV, que poderiam entrar em operação na década de 2040. Além de aumentar as novas instalações, há aproximadamente 9,4 GW de capacidade inativa de plantas nucleares que poderiam ser reiniciadas na Europa, com um prazo médio de cerca de um ano. Essas unidades estão distribuídas na Alemanha, que discute se prolonga o uso da energia nuclear por estar sofrendo diversas consequências negativas decorrentes de sua transição energética – Energiewende (saiba mais aqui), Suécia e Espanha.
“A Europa está entre uma rocha e um lugar difícil – a taxonomia é uma tentativa de suavizar o aperto. A Alemanha, por exemplo, está considerando uma possível reviravolta em sua agressiva eliminação nuclear por temores de energia, e países de todo o continente estão aumentando o uso de carvão para reduzir a dependência de gás. Apesar das ambições da taxonomia, os países europeus devem priorizar a segurança energética no curto prazo”, avaliou o analista sênior da Rystad, Lars Nitter Havro.
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Foto: Usinas nucleares liberando vapor d’água no meio ambiente / Divulgação American Affairs Journal
Fonte: Petronotícias