Coreia do Sul volta ao mercado nuclear internacional

Coreia do Sul volta ao mercado nuclear internacional

País detentor de 24 usinas nucleares em operação e quatro em construção, segundo o Sistema de Informação de Reatores de Potência da Agência Internacional de Energia Atômica (Pris/IAEA, na sigla em inglês), a Coreia do Sul dará uma reviravolta em sua campanha de desativação de plantas nucleoelétricas, tendo em vista que o recém-eleito presidente Yoon Suk-yeo prometeu abandonar a política e, adicionalmente, consolidar o país como uma potência no campo de geração de energia nuclear.

O atual presidente sul-coreano, Moon Jae-in, cujo mandato terminará no próximo mês de maio, defende há anos o enfraquecimento do programa nuclear da Coreia do Sul, desligando unidades antigas e evitando construir novas. Contudo, o eleito Yoon Suk-yeo, que foi candidato presidencial do principal partido de oposição, criticou essa política do governo e prometeu utilizar a geração nuclear como alternativa para reduzir as emissões de carbono e a dependência externa no setor de energia.

Desse modo, o novo governo deverá, primeiramente, retomar a construção – atualmente suspensa – de duas usinas nucleares na central de Shin-Hanul, na região de Uljin, localizadas 330 quilômetros a sudeste de Seul. Cada um desses reatores terá capacidade elétrica instalada de 1.400 megawatts (MW) – potências similares à de Angra 2.

O novo presidente do país também pretende continuar a operar as atuais usinas nucleares, que representam cerca de 30% da matriz elétrica sul-coreana, enquanto houver plena garantia de segurança. O político ainda deseja centrar esforços em prol de tecnologias nucleares avançadas, como pequenos reatores modulares (SMRs, na sigla em inglês), e acredita que a Coreia do Sul poderá exportar mais de dez usinas nucleoelétricas até 2030, criando, assim, 100 mil empregos de alto nível.

Aproveitando o know-how nuclear do país asiático, Yoon Suk-yeo se comprometeu a criar uma instituição encarregada de estimular as vendas de reatores para o exterior e elaborar medidas para promover a participação de entidades civis na construção e operação de usinas nucleares. Em sua visão, as tecnologias nucleares serão fundamentais para impulsionar o desenvolvimento do país, conforme escreveu recentemente em uma rede social.

Comentário da Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN)

A exemplo de países como Filipinas, que desejam lançar um programa nuclear (leia aqui), e da França, que pretende aumentar a frota de usinas nucleares (leia aqui), a Coreia do Sul, a qual tem grande vocação no setor nuclear, enxerga a fonte como fundamental para atingir suas metas ambientais, econômicas, políticas e sociais.

Foto: Usinas nucleares sul-coreanas Shin-Hanul 1 e 2 / Crédito: Yonhap

Fonte: World-Energy (https://www.world-energy.org/article/23494.html)